O mundo tem caminhado para uma superficialidade perigosa. As relações humanas, os valores e os olhares sobre o outro estão se perdendo em uma avalanche de distrações e comparações. Vivemos em um tempo onde se enxerga o ser humano apenas pela sua aparência, pelo que possui ou pelo que aparenta ser. Mas, por trás de toda pessoa, existe um ser. Um ser que sente, sofre, sonha e busca. E é exatamente nesse ponto que precisamos nos concentrar: no ser humano por completo, com suas intenções, limitações e potencial.
Ajudar não é apenas um ato de bondade. É um reflexo da essência divina em nós. Quando ajudamos, nos conectamos com algo maior, transcendemos nossas próprias necessidades e evocamos para nossa vida a graça e o favor divino. O ato de ajudar traz benefícios não apenas para quem recebe, mas para quem pratica. É no auxílio ao outro que encontramos a verdadeira felicidade e nos aproximamos de quem fomos chamados a ser.
No entanto, para ajudar verdadeiramente, é necessário um olhar profundo e atento. Devemos distinguir o que é necessidade do que é desejo. Hoje, muitos confundem essas duas dimensões, tornando o desejo maior do que a necessidade, e é aí que as prioridades se perdem. Um carro de luxo, por exemplo, não é uma necessidade — ele atende apenas a um desejo. Um carro simples, por outro lado, cumpre perfeitamente a função de levar alguém de um lugar a outro. O mesmo vale para roupas de grife ou o celular mais recente. Desejos, não necessidades.
Essa reflexão nos leva a uma pergunta essencial: o que é realmente vital em nossas vidas? Para cada necessidade, existe uma importância; e para cada importância, existe uma essencialidade. Descobrir o que é essencial nos conduz a uma vida mais plena, com menos angústia e mais significado.
Outro ponto crucial é o reconhecimento. Vivemos em uma sociedade que constantemente busca validação, seja através das redes sociais ou de conquistas públicas. As pessoas querem ser vistas, reconhecidas, famosas. Mas, nessa busca incessante, acabam se perdendo de si mesmas. O cárcere da comparação se instala, e com ele, a infelicidade. A vida de outros se torna o parâmetro para medir a própria existência, criando um ciclo de insatisfação e vazio.
O essencial, no entanto, não reside no reconhecimento externo, mas no entendimento interno de quem somos e do nosso propósito. Quando paramos de nos comparar e olhamos para o que realmente importa, encontramos liberdade. Liberdade de sermos nós mesmos, de vivermos com menos e sentirmos mais. Descobrimos que o que realmente importa não está no que possuímos, mas no que somos e no que fazemos pelos outros.
É necessário parar, refletir e reorganizar nossas prioridades. Enxergar além do superficial, conectar-se com a essência e distinguir o necessário do supérfluo. na simplicidade e no amor ao próximo que reside a verdadeira riqueza de um ser humano.
Vamos orar?
Pai nosso, ensina-nos a distinguir o necessário do supérfluo. Que nossos corações sejam conduzidos pelo Teu amor e que nossas ações reflitam a Tua essência. Em nome de Jesus. Amém.