Arte coluna Bispo Abner 13 julho 2025Arte Paulo Márcio

Há prisões que não possuem grades, mas acorrentam. Correntes invisíveis que se instalam na mente, dominam os sentimentos e desfiguram o espírito. O nome disso é vício, e ele pode se disfarçar de alívio, prazer, controle ou rotina. Mas no fundo, sempre será um inimigo silencioso da liberdade.
Os vícios se apresentam das mais diversas formas: álcool, drogas, pornografia, redes sociais, comida, compras, remédios, aprovação alheia, trabalho descontrolado, entre tantos outros. À primeira vista, parecem inofensivos ou até funcionais. Mas, aos poucos, tomam o lugar da vontade, da consciência e da paz. Tornam-se muletas da alma, substituindo aquilo que deveríamos confrontar com coragem e fé.
A fragilidade humana está na busca incessante por alívio rápido, por válvulas de escape que evitem a dor da existência. Mas o preço da fuga é a própria liberdade. O que começa como um hábito pode virar um cativeiro. O que parecia controle se transforma em descontrole. O que deveria aliviar, adoece.
O vício não respeita classe social, credo ou inteligência. Ele seduz com promessas e escraviza com necessidades. E sua principal armadilha está justamente na negação: “eu paro quando quiser”, “não está tão grave assim”, “isso me ajuda”. Mas, enquanto isso, amizades são perdidas, famílias se distanciam, o corpo adoece e o espírito se apaga.
A Bíblia nos alerta: “Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por nada” (1 Coríntios 6:12). O problema não é a existência de algo, mas o domínio que isso adquire sobre nós. Quando algo se torna indispensável para que possamos viver com serenidade, atenção: talvez não estejamos mais no comando.
Vícios não são apenas comportamentos repetitivos. São tentativas desesperadas de anestesiar dores profundas, ausências antigas, traumas mal resolvidos. E é por isso que a cura não vem apenas com força de vontade, mas com consciência, apoio e espiritualidade.
Ninguém vence um vício sozinho. É preciso reconhecer, pedir ajuda, abrir o coração e confiar no processo. Deus não nos chamou para vivermos presos. O Evangelho é uma mensagem de libertação integral: da culpa, do medo, do pecado e também dos vícios. Jesus disse: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32).
E a verdade é: você não precisa viver acorrentado a hábitos que te destroem. Não precisa se anestesiar para suportar a vida. Você pode ser livre. Pode reconstruir sua história. Pode buscar ajuda sem medo de ser julgado.
Lembre-se: o que hoje te domina, amanhã pode ser vencido. E cada passo que você der rumo à liberdade, será celebrado pelo céu.
Oração:
Senhor Deus, livra-nos dos vícios que roubam nossa paz, que enfraquecem nossa mente e adoecem nosso corpo e espírito. Dá-nos força para resistir, coragem para enfrentar e humildade para pedir ajuda. Em nome de Jesus, Amém.