Bispoabner10agoARTE KIKO

Vivemos em uma era de excesso. Excesso de informação, de opiniões, de julgamentos e de palavras lançadas sem filtro. Tudo se tornou urgente, responder rápido, opinar sobre tudo, reagir imediatamente. Porém, no meio dessa avalanche, esquecemos que nem sempre a pressa é sinônimo de sabedoria. Em muitos casos, o silêncio é mais construtivo que qualquer resposta imediata.
O silêncio não é vazio. Ele é um espaço fértil onde pensamentos amadurecem, emoções se acomodam e perspectivas se ampliam. No silêncio, ouvimos melhor, não apenas os outros, mas a nós mesmos e, acima de tudo, a Deus. É nele que o Espírito Santo encontra espaço para trazer discernimento, clareza e direção.
O rei Salomão, conhecido por sua sabedoria, registrou: “Até o tolo, quando se cala, é tido por sábio; e o que cerra os seus lábios é tido por entendido” (Provérbios 17:28). A capacidade de se calar na hora certa é sinal de maturidade. Não se trata de omissão diante da injustiça, mas de compreender que nem todo embate precisa ser travado, nem toda provocação merece resposta, nem toda discussão leva a um resultado saudável.
Quantas vezes problemas se agravaram porque alguém falou no calor do momento? Uma frase mal colocada, um tom de voz alterado ou uma palavra precipitada podem criar feridas profundas. Por outro lado, quantas situações delicadas foram contornadas simplesmente porque alguém teve a coragem de se calar, esperar e agir no tempo certo?
O silêncio, quando bem usado, é uma arma estratégica. Ele preserva relacionamentos, evita desgastes desnecessários e protege a nossa própria paz interior. Ele também é um escudo contra decisões impulsivas. Quantos já tomaram atitudes das quais se arrependeram porque não se permitiram um tempo de pausa?
No mundo corporativo, no convívio familiar, nos círculos sociais e, sobretudo, na vida espiritual, o silêncio é um aliado poderoso. Ele permite que observemos com mais atenção, que coletemos informações, que compreendamos o cenário antes de agir. É como um jogador de xadrez que, em vez de movimentar a peça no impulso, observa o tabuleiro, analisa cada possibilidade e só então executa seu movimento, com precisão e propósito.
Hoje, talvez a sua maior prova não seja encontrar as palavras certas, mas encontrar a coragem de se calar até que o momento seja oportuno. Quando finalmente abrir a boca, que suas palavras tenham o peso da reflexão, a força da oração e a direção de Deus. Assim, você não apenas falará, você será ouvido, respeitado e lembrado.
Porque, no fim das contas, o silêncio bem administrado nunca é fraqueza. Ele é a pausa que prepara a sinfonia, o intervalo que fortalece o discurso, o respiro que antecede a vitória.
Oração:
Senhor, ensina-me a força do silêncio e o poder da palavra certa no momento certo. Dá-me sabedoria para discernir quando falar e quando calar, e que minha boca seja sempre instrumento de edificação, paz e verdade. Em nome de Jesus, amém.