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Com a derrota nas urnas do projeto fascista sustentado pelo governo Bolsonaro, em 30 de outubro de 2022, houve um evidente acirramento dos ânimos por parte dos bolsonaristas. A partir daquele dia, foram feitos bloqueios criminosos de rodovias federais e uma ridícula e perigosa instalação de acampamentos em frente às várias unidades militares espalhadas por diversas cidades do país. É fácil constatar que uma forte e caríssima operação financeira estava por trás de todos esses atos.
Impressionavam as estruturas formais nos alojamentos: barracas de camping e de lona, tendas, cozinhas coletivas, banheiros químicos, banheiro com chuveiro quente, geradores de energia, placas solares, som mecânico, caminhões usados como palco, trio elétrico e carro de som. A par disso, uma milionária logística garantia suporte aos bolsonaristas com o provimento de mantimentos, alimentos e água. Esses grupos utilizavam rádios-comunicadores com uma atuação profissional característica de serviços de segurança.
É fácil perceber que todos esses atos só ocorreram pela postura beligerante do ex-presidente Bolsonaro. O principal responsável por tudo o que ocorreu. Durante os quatro anos de governo, de maneira inconsequente e imprudente, ele destilou o ódio como maneira de fazer política, dividiu as famílias e a sociedade, bem como investiu na instabilidade institucional ao propor fechar o Legislativo e, especialmente, o Judiciário. Ainda, agiu criminosamente contra o Supremo Tribunal Federal (STF), contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e contra os ministros e seus familiares.
Patético. Ridículo. Criminoso. Cruel e covarde. Durante todo esse governo fascista e assassino, a população foi armada para sustentar um golpe que sempre esteve nas entrelinhas. Foi possível perceber a gravidade do que era gestado no dia da diplomação de Lula em 12 de dezembro: a invasão ao prédio da Polícia Federal, em rara ousadia, carros e ônibus incendiados no centro da capital e cenas de barbárie e vandalismo. Era um crescendo da tentativa do golpe que ocorreu no dia 8 de janeiro, o dia da infâmia.
É importante salientar que todos esses atos terroristas são frutos de uma política de ódio e violência que sustenta o bolsonarismo. Na ânsia de manter o poder a qualquer custo, e com financiamento milionário de grupos que se locupletam do caos e se beneficiam da desordem das políticas públicas, do controle dos garimpos, da ocupação irregular das terras - especialmente na Amazônia, com a entrega, afinal, da soberania nacional -, esse bando não se intimidou e invadiu as sedes dos Três Poderes.
A rápida resposta do presidente Lula, dos presidentes dos Poderes constituídos, dos governadores e da sociedade em geral, a prisão em flagrante de quase 1.500 pessoas, com a posterior convalidação de centenas em prisões preventivas, bem como o oferecimento de quase 700 denúncias criminais, foram demonstrações de que os fascistas não passarão. Mas é preciso mais. É necessário identificar e responsabilizar criminal e civilmente todos os financiadores, os militares sejam de qualquer patente e os políticos que são os beneficiários desse ódio. E vamos voltar a fazer política institucional e respeitar a Constituição.
Tudo começou quando um capitão, expulso do Exército, pregava no Congresso Nacional o elogio à tortura, à fome, ao machismo e exaltava o racismo. E o Brasil não levou a sério o valor de viver em um Estado democrático de direito. Que todo esse pesadelo afaste o ódio da sociedade brasileira, restabeleça o diálogo e a boa e velha política e que o país possa voltar a se livrar da fome e da desesperança.
Não nos esquecendo das palavras do pastor Martin Niemöller:
“Quando os nazistas vieram buscar os comunistas, eu fiquei em silêncio; eu não era comunista.
Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu fiquei em silêncio; eu não era um socialdemocrata.
Quando eles vieram buscar os sindicalistas, eu não disse nada; eu não era um sindicalista.
Quando eles buscaram os judeus, eu fiquei em silêncio; eu não era um judeu.
Quando eles vieram me buscar, já não havia ninguém que pudesse protestar.”
Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay
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