Com corredores cheios, a 12ª Bienal do Livro de Campos celebra a força da literatura e as viagens que ela possibilitaMauro Antônio/Secom Campos

Nos meus artigos, costumo falar sobre economia e desenvolvimento do estado do Rio de Janeiro. Por isso o tema da minha coluna de hoje pode parecer estranho: literatura. Só que não.
Num país que precisa incentivar a leitura como ferramenta por uma educação libertadora, os livros são uma fonte de riqueza inesgotável. É prazeroso frequentar livrarias e bibliotecas – um hábito que cultivo desde os tempos de escola, quando recorria aos livros para os trabalhos pedidos pelos professores (um tempo saudoso em que a internet ainda não existia).
A tecnologia transformou completamente a forma como lemos – e como lemos o mundo. Mas os livros continuam lá, firmes e fortes, à espera de quem os queira descobrir. E, para minha alegria, milhares de pessoas também desfrutam do prazer de folhear impressos, não importa o gênero literário.
Pude ver isso de perto na 12ª Bienal do Livro de Campos, que foi aberta no dia 30 de maio e segue até o próximo domingo, 8 de junho, no Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop), em Campos dos Goytacazes. Com entrada gratuita, o evento homenageia o cartunista Ziraldo (1932-2024) e tem como tema "Descobertas e Reencontros".
Idealizadora do evento, junta a diversos parceiros, a Prefeitura de Campos também merece elogio pela implementação de programas que concedem vales-livro para que profissionais da educação e alunos da rede municipal de ensino adquiram livros. A iniciativa beneficia milhares de alunos e professores, estimulando o hábito da leitura e valorizando que se dedica ao ofício de ensinar.
Bienais e feiras literárias não apenas promovem a cultura e a educação, mas também impulsionam a economia local, especialmente o comércio de livros. Com a presença de milhares de visitantes, o evento fortalece o mercado editorial e proporciona oportunidades para autores locais e nacionais divulgarem suas obras.
Talvez pareça estranho misturar literatura com economia. Mas quem já mergulhou num bom romance ou se perdeu entre estantes de uma feira literária sabe: os livros também movimentam o mundo. Movimentam ideias, despertam talentos, criam futuros.
Visitei a Bienal de Campos e vi muita gente feliz, com sacolas cheias; crianças com olhos brilhando diante dos personagens favoritos; autores emocionados ao reencontrar seus leitores. Investir em literatura é, sim, investir em desenvolvimento. Porque não há PIB que se sustente sem pensamento crítico, nem progresso que se faça sem imaginação. E o livro — esse velho companheiro de páginas e silêncios — segue como nosso melhor ativo de longo prazo.