Segmento de vestuário em Nova Friburgo: com apoio ao ambiente de negócios, o estado pode crescer muitoPaula Johas
O Rio de Janeiro tem jeito – e energia – para crescer
Propostas do setor produtivo apontam caminhos para destravar o desenvolvimento e recuperar o potencial do estado do Rio de Janeiro.
É fácil dizer que o Rio de Janeiro está cansado. Basta olhar para os altos e baixos da economia, a dívida quase impagável com a União ou os noticiários repletos de manchetes desanimadoras. Mas quem conhece de verdade o Rio sabe: por baixo de toda essa tensão, pulsa uma força difícil de encontrar em qualquer outro canto do país.
O estado tem jeito, sim. E mais que isso – tem energia, tem gente preparada, tem projeto, tem rumo. Ainda que às vezes pareça tropeçar em seus próprios pés, o Rio insiste em levantar. E esse movimento de resistência e reconstrução não é só uma questão de otimismo; é trabalho de gente que acredita, planeja e age.
Entre esses protagonistas do reerguimento fluminense estão as entidades do setor produtivo que defendem propostas concretas de investimento capazes de transformar o cenário econômico fluminense. Não se trata de sonhos, mas de caminhos traçados com base em dados, demandas e oportunidades reais. As propostas tocam em pontos-chave: infraestrutura, ambiente de negócios, capital humano, segurança pública, inovação e sustentabilidade.
Na área de infraestrutura e logística, o foco está em obras que conectam potencial econômico a oportunidades. Um exemplo emblemático é a ferrovia EF-118, que ligará Nova Iguaçu a Vitória (ES), passando pelo Porto do Açu, Em São João da Barra. Será um corredor de desenvolvimento que abrirá portas para o escoamento da produção nacional através dos portos fluminenses.
Já a tão esperada nova pista de subida da Serra de Petrópolis, integrada ao novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), é mais do que uma via de mão dupla: é um símbolo de que, com investimento e persistência, dá para vencer até as ladeiras mais íngremes.
No ambiente de negócios, a ideia é tirar o peso das costas de quem empreende. Abrir uma empresa no Rio, ainda hoje, é um desafio de paciência e burocracia. Entidades como a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) defendem a simplificação de processos, o acesso facilitado a crédito, incentivos à inovação e a reforma do sistema tributário – um pacote que alguns municípios já adotam e que, na prática, pode fazer o pequeno virar médio, e o médio, grande.
O enfrentamento da violência é parte indissociável desse projeto de reconstrução. Nenhuma cidade ou estado pode prosperar com medo crônico. Especialistas defendem o fortalecimento da governança pública, o uso de inteligência e tecnologia na segurança, parcerias com o setor privado e ações integradas de inclusão social, urbanização e geração de emprego em territórios mais vulneráveis. Segurança pública não é só policiamento – é estratégia, prevenção e presença efetiva do Estado onde ele mais faz falta.
Mas não existe crescimento sustentável sem gente preparada. Por isso, o capital humano é outro eixo essencial. É essencial fortalecer a educação básica, expandir a formação técnica e levar capacitação a quem mais precisa. Porque desenvolvimento não é só concreto e cabo de fibra ótica; é gente que aprende, trabalha e transforma.
E como pensar em futuro sem falar de sustentabilidade e inovação? É preciso pensar em incentivo à economia circular, em reaproveitamento de resíduos e em investimentos em energias renováveis, para além do petróleo e do gás. Porque o Rio, com seu sol generoso, seus ventos fortes e sua vocação natural para a reinvenção, tem tudo para ser protagonista na transição energética brasileira.
O Rio tem jeito, tem muitos caminhos. O que não tem mais é tempo a perder. Com planejamento, coragem e a energia de quem acredita, o estado pode, sim, reescrever sua história.

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