As mães são nosso primeiro lar, nosso primeiro amor, nosso primeiro medo de perderArquivo

Escreveu o mineiro Carlos Drummond de Andrade, com a delicadeza que só os grandes poetas têm:
“Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei:
Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho
e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho.”
Quando o Dia das Mães se aproxima, é como se as lembranças ganhassem voz, cheiro, cor. Elas vêm sem avisar, sentam-se conosco à mesa, misturam-se ao cheiro do café e ao silêncio das manhãs. E, de mansinho, sopram histórias que o tempo jamais conseguiu apagar.
Sou o caçula de nove filhos de dona Nilda, que já não está entre nós há dez anos. Ela era daquelas mulheres que se confundem com a própria definição de mãe. Amorosa sem ser melosa. Firme sem jamais ferir. Educava no gesto, no exemplo. Nunca precisou levantar a voz para ser escutada. Tinha um coração tão vasto que parecia caber o mundo dentro. Uma supermãe. Uma psicóloga intuitiva. Uma conselheira de alma. Foi ela quem me estendeu a mão quando deixei a Petrobras para seguir a profissão de jornalista — decisão que muitos consideraram insensata. Com seu olhar de mãe, entendeu que eu começava a traçar um caminho que me faria feliz.
Ser mãe é isso: é ser raiz e também vento. É dar a vida e, depois, ensinar a voar. Mesmo sabendo que, um dia, os filhos alçarão seus próprios caminhos, criarão seus próprios lares, viverão suas próprias escolhas.
A maternidade é uma missão sagrada, um mistério doce e profundo. As mães são nosso primeiro lar, nosso primeiro amor, nosso primeiro medo de perder. E quando partem, não deixam apenas uma ausência — deixam um vazio que nem o tempo se atreve a preencher. Porque seu colo continua nos fazendo falta, mesmo quando já constituímos família e já estamos tomados pelas barbas brancas.
Neste domingo, quero homenagear todas as Nildas, Marias, Lúcias, Josélias, Mercedes, Auxiliadoras, Julianas, Edilenes, Ediméias — enfim, todas as mulheres que escolheram viver a beleza e o desafio da maternidade. Que Deus derrame sobre elas Sua luz mais terna, como uma chama viva de amor no mundo.
Se sua mãe está aqui, abrace-a. Diga a ela o que talvez você nunca tenha dito. Faça deste Dia das Mães um marco na memória de vocês dois. Porque a vida é breve, e o amor precisa ser dito enquanto há tempo.
Se sua mãe já partiu, eleve a ela uma prece, um pensamento de gratidão, um sorriso cheio de saudade. Mães não morrem. Elas apenas aprendem a morar dentro da gente. Que bom seria como Drummond sonhou...
Feliz Dia das Mães!