O pontificado de Francisco foi marcado pela humildade, carinho aos mais pobres e defesa do meio ambienteNuno Veiga/Pool/Agência Lusa

“Não se esqueça dos pobres”.
Era noite do dia 14 de março de 2013. Escolhido papa em sucessão a Bento XVI, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio recebia este conselho do cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes. Minutos depois, o novo pontífice - que escolheu o nome de Francisco - assumia seu pontificado, que ficou marcado pelo cuidado com a população em vulnerabilidade, pela humildade e pelo respeito ao meio ambiente.

O primeiro papa jesuíta deixou marcas profundas, que inspiraram muito mais que os cerca de 1 bilhão de católicos. Vivia com simplicidade, em uma residência modesta, renunciando aos luxos e privilégios. Condenou o mau uso do dinheiro e a idolatria do consumo. Alertou sobre os perigos da ganância e da corrupção. Defendeu a necessidade de uma economia mais justa e solidária. Visitou comunidades marginalizadas. Falou em defesa dos direitos humanos. Condenou a desigualdade econômica. Fez uma clara opção pelos mais humildes.
Além das palavras acalentadoras, Francisco deixou um documento revolucionário: a “Laudato Si”, primeira encíclica em que a Igreja Católica expressa sua preocupação com o meio ambiente e a necessidade de protegê-lo. No texto, claramente inspirado no exemplo de São Francisco de Assis, o pontífice defendeu a importância da sustentabilidade, da redução do consumo e da adoção de práticas mais ecológicas.
Sua mensagem foi clara: precisamos cuidar da nossa casa comum. Porque, no cuidado com nosso planeta, não existe um plano B. Da mesma forma, precisamos falar em desenvolvimento econômico incluindo necessariamente o desenvolvimento de pessoas – sobretudo as pessoas que mais precisam. Tal como o legado que Jesus nos deixou há 2000 anos. Uma lição preciosa para as lideranças políticas de todas as correntes ideológicas.
Nesta manhã triste de 21 de abril, dia em que o Papa Francisco nos deixa, sua palavra ecoa com força. Seu legado vai perdurar como um farol de humildade, compaixão e compromisso com os mais necessitados. Seu pontificado foi marcado pela busca incansável por uma Igreja mais próxima do povo, aberta ao diálogo e sensível às dores do mundo. Sua coragem em enfrentar temas difíceis e seu apelo constante à fraternidade e à justiça social transcenderam fronteiras religiosas. Sua memória segue inspirando não apenas a Igreja Católica, mas toda a humanidade, a construir um mundo mais solidário, justo e pacífico.
Que Francisco descanse em paz e seja bem recebido nos braços do Senhor.