Painéis fotovoltaicos: a energia solar é uma das alternativas para a transição energéticaSoninha Vill/GIZ

Outro dia me peguei pensando no futuro — não aquele cheio de carros voadores e robôs que fazem tudo, mas o futuro bem real, de tomada na parede e conta de luz no fim do mês. Foi quando me deparei com uma pesquisa que revela um Brasil que já acordou para o que vem pela frente: a transição energética.
A pesquisa, feita pela consultoria Savanta com empresários de 15 países (incluindo o nosso), mostrou que 89% dos líderes empresariais brasileiros querem ver o país rodando à base de energia renovável até 2035. É quase um grito coletivo do setor produtivo dizendo: chega de combustíveis fósseis.
Os empresários não falam por falar. Mais de 90% dos entrevistados querem o fim do carvão até 2035, e 75% preferem nem passar pelo gás fóssil nessa caminhada — querem pular direto para as fontes limpas, como a eólica, a solar, a biomassa e o hidrogênio verde.
A energia solar destaca-se pela ampla disponibilidade e rápida queda nos custos de instalação. A energia eólica, tanto onshore quanto offshore, também vem crescendo graças à eficiência tecnológica e alto potencial de geração. A biomassa representa uma alternativa viável, especialmente em áreas agrícolas, com reaproveitamento de resíduos. Já o hidrogênio verde surge como aposta de longo prazo para descarbonizar setores difíceis de eletrificar, como a indústria pesada e transporte de longa distância. Essas fontes são vistas como pilares para reduzir emissões e garantir segurança energética global. São, também, riquezas que o estado do Rio de Janeiro pode explorar com vantagens.
Mas, como em toda boa história brasileira, há um "porém". O caminho não está livre. Quase metade dos executivos (41%) aponta o custo inicial da transição como um obstáculo. E não é só isso: eles também reclamam das amarras regulatórias e do custo de capital, que, no Brasil, parece sempre pesar mais do que devia. Em bom português: querem mudar, mas falta o empurrãozinho certo. Para 45% dos empresários, uma saída seria tirar os subsídios dos combustíveis fósseis e investir esse dinheiro nas renováveis.
As empresas estão fazendo o dever de casa. Noventa e três por cento delas estão pensando em investir em fontes renováveis locais para suas operações, e 83% já têm ou estão montando planos para abandonar os fósseis de vez.
A verdade é que os combustíveis fósseis, por mais que ainda ocupem papel importante na matriz energética mundial, já estão de saída. É uma questão de tempo — e de decisão. E se o setor privado está pronto, não seria hora de o governo entrar em campo com mais vontade?
A transição energética não é só sobre salvar o planeta (embora isso já devesse ser suficiente). É também sobre garantir segurança, competitividade e um futuro mais leve — no bolso, no ar, e na consciência. A ficha já caiu para os empresários. Agora falta o Estado apostar nesse caminho.