Além de ser benéfico à saúde, o peixe fortalece os arranjos produtivos locais e a economiaArquivo

A Semana Santa passou. Mas tem um hábito que merece continuar o ano inteiro: o de comer peixe. Além de saboroso e versátil na cozinha, o peixe é um dos alimentos mais saudáveis que podemos colocar no prato. E, convenhamos, o estado do Rio de Janeiro, com tantos rios, lagoas e um vasto litoral, deveria estar nadando em peixe — tanto no prato quanto na produção.
Apesar de ainda estarmos longe da média mundial no consumo de pescado (aqui são 10,5 kg por pessoa por ano, contra 20,5 kg no resto do mundo), temos muitos motivos para virar esse jogo. De acordo com a Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, o peixe é uma proteína de primeira, rica em ômega-3, vitamina D, vitamina B2 e selênio — nutrientes que fazem um bem danado para o coração, para o cérebro e para os vasos sanguíneos.
Comer peixe com frequência ajuda a reduzir a pressão arterial, o colesterol ruim (LDL) e até a formação de placas de gordura nas artérias. É uma forma gostosa e prática de cuidar da saúde, que nem exige receitas sofisticadas. Um filé grelhado, uma moqueca bem feita ou até aquele peixe assado com limão e alho já resolvem.
No cenário nacional, a pesca e a aquicultura vêm ganhando espaço e importância. Em 2022, últimos dados disponíveis do IBGE e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca, o Brasil produziu 855 mil toneladas de pescado — a maior parte vinda da aquicultura (peixes criados em tanques e viveiros), com destaque para a tilápia e o tambaqui. Mas o Rio de Janeiro ocupa apenas a 24ª posição na produção de peixes de cultivo no país, com destaque para a tilápia. Como o estado tem o terceiro maior litoral do Brasil e 25 municípios costeiros, há espaço de sobra para crescer.
Uma notícia animadora é que tem bons projetos em andamento. Em Campos dos Goytacazes, por exemplo, nasce uma iniciativa animadora: a Rota do Pescado Campista. O projeto desenvolvido pela prefeitura visa a transformar os recursos naturais da região em desenvolvimento sustentável, com ações de reflorestamento, repovoamento de espécies nativas e incentivo à piscicultura e ao agroturismo. Com rios, lagoas e canais que se conectam até o mar, Campos tem uma verdadeira veia hídrica de mais de 150 km.
Entre as propostas da Rota do Pescado Campista, estão a criação de feiras e circuitos de petiscos, incentivo à pesca esportiva e ao cultivo de peixes nativos em cativeiro, além da construção de um Terminal Pesqueiro na região litorânea da Barra do Furado. Tudo isso com foco na geração de renda, na preservação ambiental e, claro, no fortalecimento da cultura local.
Peixe é saúde no prato, oportunidade na economia e identidade cultural preservada. Incentivar seu consumo não é apenas uma escolha alimentar inteligente, mas também um ato que fortalece comunidades ribeirinhas e valoriza nossa rica biodiversidade. Do campo ao mar, do tanque à mesa, o estado do Rio tem tudo para ser protagonista nesse setor. Comer bem e cuidar do futuro pode — e deve — andar de mãos dadas.