Segunda colocada no ranking estadual de geração solar, Campos receberá projeto no sistema off-gridCésar Ferreira

Com índices consideráveis de radiação solar em praticamente todo o território, o estado do Rio de Janeiro tem todas as credenciais para expandir essa matriz energética. Apesar dos avanços significativos da última década, nosso território ainda está longe de explorar plenamente o imenso potencial energético que o astro-rei oferece.
Uma excelente notícia vem de Campos dos Goytacazes: o município vai sediar o primeiro projeto do Brasil de geração de energia solar com armazenamento por baterias, utilizando o sistema off-grid. Serão mais de R$ 2 bilhões em investimentos e uma estimativa de 3 mil novos empregos. O anúncio foi feito na última semana durante reunião entre o prefeito Wladimir Garotinho e representantes da empresa Natural Energia, responsável pela iniciativa. Atualmente, Campos ocupa a segunda colocação no ranking estadual de geração solar, atrás apenas da capital, Rio de Janeiro.
O sistema off-grid de energia solar fotovoltaica funciona de forma totalmente independente da rede elétrica convencional. Por meio de painéis solares, a energia captada do sol é armazenada em baterias para ser utilizada posteriormente — sobretudo à noite ou em dias nublados. Essa solução garante autonomia energética e é ideal para regiões remotas ou com infraestrutura precária. Por não depender da concessionária, o sistema também está imune a apagões e tarifas, sendo amplamente adotado em áreas rurais, embarcações e estruturas de emergência.
O sol, cada vez mais, se consolida como um vetor de desenvolvimento econômico. Hoje, o estado do Rio de Janeiro possui uma capacidade instalada de 1,344 gigawatts (GW) em geração solar fotovoltaica distribuída, espalhada por cerca de 141 mil sistemas. Só em 2024, foram adicionados 305 megawatts (MW) com a conexão de 31 mil novos sistemas nos municípios fluminenses.
Com esse desempenho, o Rio figura entre os 13 estados brasileiros que ultrapassaram a marca de 1 GW em potência instalada de geração distribuída. Embora ainda atrás de líderes como São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul — todos com mais de 3 GW —, o estado se destaca como um dos mercados mais promissores da energia solar no Brasil.
Entretanto, o caminho rumo a uma matriz energética mais limpa não está livre de obstáculos. O aumento de tributos sobre equipamentos importados, as dificuldades para conexão de pequenos sistemas à rede e a burocracia ainda presente no setor são entraves que inibem o crescimento e dificultam o acesso à energia solar, sobretudo para populações de baixa renda e comunidades rurais.
Diante desse cenário, é urgente que o estado do Rio e o Brasil avancem com políticas públicas mais ambiciosas para fomentar o setor. A energia solar é limpa, renovável e abundante — e está em perfeita sintonia com os compromissos globais de redução de emissões e de enfrentamento da crise climática.
Na terra do sol, é preciso honrar esse título. A energia solar não é apenas uma alternativa; é uma oportunidade real de promover soberania energética, inclusão social e sustentabilidade ambiental. O Rio já começou a trilhar esse caminho — agora é hora de acelerar. Com menos barreiras e mais incentivos, o futuro pode (e deve) ser mais solar.