Mauro Silva com o presidente do Paraguai, Santiago Peña, durante a Expo Paraguay Brasil 2025Arquivo pessoal
Empresas brasileiras fortalecem laços com o Paraguai
Custos operacionais e incentivos fiscais impulsionam integração econômica, atraindo indústrias e ampliando o comércio bilateral no Mercosul.
A Ponte da Amizade, que liga o Brasil ao Paraguai pela cidade de Foz do Iguaçu (PR), é uma das mais movimentadas do mundo. Dia e noite, sete dias por semana, milhares de pessoas atravessam a fronteira rumo a Ciudad del Este para compras. Nos últimos anos, muitas empresas estão fazendo o mesmo trajeto – só que para se instalar no país vizinho ou transferir para lá sua linha de produção. Eram 40 empresas brasileiras no lado de lá em 2015; hoje já são mais de 200.
A nação de 6,8 milhões de habitantes se tornou uma alternativa viável – e vantajosa – para quem deseja expandir e fortalecer o comércio exterior. O Paraguai tem vantagens competitivas importantes, como energia barata, flexibilidade laboral e encargos sociais reduzidos sobre os salários. Mas o que mais pesa na decisão dos empresários brasileiros são os incentivos fiscais – em particular, a Lei de Maquila.
Criado pelo governo paraguaio em 1997 e regulamentado em 2000, o sistema de maquila permite que empresas estrangeiras se estabeleçam no país com isenção de tributos de importação sobre bens de capital, matérias-primas e serviços, além de contar com uma carga tributária altamente competitiva: o imposto único de 1% sobre o valor agregado em exportações. A legislação ainda prevê que 100% da produção seja destinada ao exterior, favorecendo o modelo de integração produtiva no Mercosul. Desde sua implementação, a Lei de Maquila vem sendo um dos principais motores para a atração de investimentos estrangeiros, sobretudo nos setores de confecção, plásticos, autopeças, eletroeletrônicos e até no agronegócio.
Pelo potencial de geração de empregos e para complementar a produção de outros países do bloco, o governo paraguaio tem direcionado esforços à atração de fabricantes em setores estratégicos. Atualmente, os segmentos têxtil, de plásticos e de autopeças concentram 58,1% das indústrias brasileiras instaladas sob o regime de maquila.
A relação entre Brasil e Paraguai nesse sistema é crucial, sendo que cada 1% de crescimento do PIB brasileiro representa um aumento de 4,1% nas exportações das maquiladoras paraguaias. Em 2024, 60% dos produtos fabricados sob o regime foram destinados ao Brasil, consolidando o país como o principal parceiro comercial. Do total de 292 indústrias com programas de maquila no Paraguai, 71% têm origem brasileira, de acordo com dados do Ministério de Indústria e Comércio do Paraguai. Especialistas ressaltam que esses investimentos não retiram empregos do Brasil, mas sim substituem postos de trabalho que anteriormente eram deslocados para países asiáticos, especialmente a China.
O fortalecimento desse comércio bilateral foi o tema central da Expo Paraguay Brasil 2025, realizada esta semana em Ciudad del Este. O evento, que se consolidou como o maior fórum de negócios entre os dois países, reuniu mais de 200 expositores e promoveu rodadas de negócios em setores como tecnologia, agronegócio, logística, energia, turismo e manufatura. Além de debates sobre integração produtiva, a feira destacou o papel da Lei de Maquila como vetor de desenvolvimento regional e oportunidade estratégica para pequenas, médias e grandes empresas.
Com uma programação diversificada e foco na aproximação entre empresários e investidores, a Expo mostrou que a cooperação econômica entre Brasil e Paraguai vai muito além da fronteira física. Para os participantes, o encontro reforça a ideia de que, unidos, os dois países podem aumentar a competitividade no mercado global, gerando riqueza e empregos em toda a região.
A expansão das maquiladoras e o êxito da Expo Paraguay Brasil 2025 demonstram que a integração econômica entre Brasil e Paraguai deixou de ser apenas uma possibilidade e se tornou uma realidade estratégica. A soma de incentivos fiscais, custos operacionais competitivos e proximidade geográfica criou um ambiente fértil para investimentos, capaz de fortalecer o Mercosul e projetar a região como um polo cada vez mais relevante no comércio internacional.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.