O poder dos animais de estimação na saúde emocional dos humanos
A ciência já comprovou os benefícios terapêuticos da convivência dos seres-humanos com animais
O psicoterapeuta, André Mantovanni, afirma que ter um animal de estimação pode ser extremamente benéfico para pessoas que enfrentam a depressão - Divulgação
O psicoterapeuta, André Mantovanni, afirma que ter um animal de estimação pode ser extremamente benéfico para pessoas que enfrentam a depressãoDivulgação
Nos últimos anos, os animais de estimação têm ganhado um espaço cada vez mais significativo em nossas vidas. Mais do que simples companheiros, eles se tornaram uma verdadeira força transformadora na saúde emocional e psicológica de pessoas de todas as idades. Cães, gatos e outros pets têm o poder de transformar tristeza em conforto, solidão em acolhimento e desesperança em alegria. Para muitos, esses amigos de quatro patas são verdadeiros terapeutas emocionais.
A conexão entre humanos e animais ultrapassa qualquer explicação lógica. É um vínculo baseado no afeto puro, na troca de carinho e na presença constante. Eles não julgam, não cobram, apenas oferecem amor incondicional. “Ter um animal de estimação pode ser extremamente benéfico para quem enfrenta transtornos como depressão e ansiedade. O vínculo afetivo que se cria com esses companheiros é único e tem o poder de preencher lacunas emocionais importantes, diminuindo a solidão e aumentando a autoestima”, explica o psicoterapeuta André Mantovanni.
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Histórias que emocionam
O impacto dos animais na vida de seus tutores vai além do emocional; eles se tornam parte essencial da família. “Adotar é um gesto de transformação. É dar uma segunda chance a um animal que sofreu, enquanto você também encontra um propósito maior. É impossível não se emocionar ao ver a alegria e o carinho que esses animais trazem para as famílias. Eles realmente salvam vidas”, afirma Hanri Soares Presidente da ONG Paraíso dos Focinhos, no Rio de Janeiro.
A médica Juliana Beliki passou por momentos muito difíceis, em 2010 seu pai faleceu e, em 2013, ela perdeu sua mãe também. Foi praticamente insuportável lidar com esses lutos. Juliana passou a ter depressão profunda e não tinha vontade de viver. "Em 2017, resolvi adotar um cachorro! Entrei nas redes sociais e escolhi o primeiro que apareceu. Foi assim que o Charlie entrou na minha vida. Em pouco tempo, eu percebi que eu não sabia mais o que era ficar triste em casa. Eu posso ter o pior dia da minha vida, mas o Charlie me faz esquecer tudo e eu fico muito bem. Com o Charlie eu passei a sair de casa para levá-lo para passear e, com isso, sempre interajo com novas pessoas", conta Juliana Beliki.
Já a enfermeira Ana Paula Santos tem dois terapeutas de quatro patas, o Pitoco - de três anos e o Cebolinha - de 7 meses. Eles foram resgatados de maus-tratos e Paula não pensou duas vezes e os adotou. "Desde muito pequena sempre que me sentia triste, eu abraçar meus cachorros e isso me trazia paz e tranquilidade. Na vida adulta, eles são meus anjos, são minha terapia, são meus companheiros nas horas mais difíceis. Não consigo dar espaço pra pensamentos negativos porque o Pitoco e o Cebolinha me enchem de amor e sei que eles dependem totalmente de mim. Então, tenho que estar bem para cuidar deles", revela Ana Paula Santos.
Adoção de animais abandonados é ainda mais terapêutico
Para Hanri Soares, a adoção de animais abandonados tem um impacto ainda mais significativo nesse processo terapêutico. Hanri acompanha de perto a transformação de muitas famílias após a adoção de animais resgatados. "A adoção de animais abandonados representa uma troca de afeto, um vínculo profundo que ajuda tanto a pessoa quanto o animal a superarem traumas e desafios. Temos visto inúmeras histórias emocionantes de como um simples gesto de adotar um animal pode proporcionar uma verdadeira mudança na vida de alguém, especialmente para aqueles que lutam contra problemas emocionais como depressão, ansiedade e estresse. Os animais se tornam parte da família e, muitas vezes, são os verdadeiros terapeutas não oficiais dos seus donos", pontua Hanri Soares.
Se a companhia de um pet já é transformadora, a adoção de animais abandonados eleva essa experiência a outro nível. Para Hanri Soares, presidente da ONG Paraíso dos Focinhos, adotar é um ato de resgate mútuo. “Quando você adota um animal resgatado, você dá uma nova chance a ele, mas também ganha uma oportunidade de cura. Esses animais têm histórias de dor, abandono e superação, e mesmo assim são capazes de amar profundamente. Essa troca cria um vínculo único e ajuda tanto o animal quanto a pessoa a superar traumas e a recomeçar.”
Adoção: um gesto que salva vidas
A ciência já comprovou os benefícios terapêuticos da convivência com animais. Segundo o psicoterapeuta, André Mantovanni, interagir com um pet estimula a liberação de hormônios como a oxitocina e a serotonina, que são essenciais para a sensação de bem-estar. “Essa interação reduz os níveis de estresse, melhora o humor e promove a empatia. Em muitos casos, recomendo a adoção como parte do tratamento terapêutico. É incrível ver como a relação com um animal pode devolver a alegria de viver a alguém que estava perdido em suas emoções”, destaca o psicoterapeuta.
Além disso, os pets incentivam hábitos saudáveis, como caminhadas e a socialização. Para quem vive isolado ou enfrenta dificuldades em interagir com outras pessoas, sair para passear com um cachorro pode ser a porta de entrada para novas conexões. O simples ato de brincar ou acariciar um animal pode aliviar tensões, reduzir a ansiedade e trazer uma sensação de tranquilidade.
Um chamado à transformação
Os animais de estimação nos ensinam lições valiosas sobre resiliência, empatia e amor. Para quem enfrenta momentos difíceis, a companhia de um pet pode ser um divisor de águas. Adotar um animal resgatado é mais do que dar um lar; é oferecer uma chance de recomeço, tanto para o animal quanto para si mesmo.
“Eles nos mostram que, mesmo nos momentos mais sombrios, é possível encontrar luz. Eles não precisam de muito, apenas de carinho e cuidado, e retribuem com tudo o que têm. Por isso, digo sempre: adotar é transformar vidas, de ambos os lados”, conclui Hanri.
Nos olhos de um pet, não há julgamento, apenas amor. E, nesse amor puro, encontramos força para continuar, para acreditar e para ser melhores a cada dia. Seja através de um simples afago ou da companhia silenciosa em dias difíceis, os animais de estimação são verdadeiros anjos que nos lembram do poder da conexão e da compaixão.
Maltratar animais é crime, com pena prevista de 3 a 5 anos de prisão, conforme determina a legislação brasileira. Atitudes como manter animais acorrentados, deixá-los em locais insalubres, sem abrigo adequado, sem alimentação ou água, também configuram maus-tratos. Além disso, práticas como abandono, agressões físicas, mutilações e negligência no cuidado à saúde são gravemente punidas por lei. Para adotar
Para adotar
Há 15 anos, a ONG Paraíso dos Focinhos, trabalha resgatando e salvando animais vítimas de abandono e violência, no Rio de Janeiro. Atualmente, a ONG cuida de mais de 500 animais, que estão sendo cuidados e abrigados em três sítios; todos à espera de adoção, um novo lar para viverem com amor e segurança. Para adotar os cães e gatos basta acessar as redes sociais da ONG @ongparaisodosfocinhos, www.paraisodosfocinhos.com.br, ou ligar para (21) 97609-0612.
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