Em meio a uma sociedade que discute cada vez mais ética, empatia e bem-estar animal, a dimensão espiritual dos maus-tratos ainda é pouco debatida. Para o terapeuta espiritual André Molinari, maltratar, abandonar ou subjugar animais não é apenas um ato de violência física ou uma infração à lei: “Cada agressão praticada contra um ser vivo que sente dor, medo e afeto deixa também cicatrizes profundas na alma de quem a comete”, afirma.
Segundo ele, a espiritualidade ensina que cada ação humana reverbera em ondas de energia que retornam ao próprio emissor. Essa ideia, conhecida em diferentes tradições religiosas e filosóficas como lei de causa e efeito, aponta que nada passa despercebido. “O ser humano que inflige sofrimento a um animal abre feridas invisíveis em seu campo energético, criando laços kármicos que podem atravessar existências”, explica Molinari.
Consequências invisíveis
De acordo com o especialista, a crueldade gratuita endurece o coração, obscurece a mente e afasta o indivíduo das vibrações mais elevadas de amor e compaixão. Mas os efeitos não se limitam a um possível futuro espiritual. No presente, a consciência carrega o peso da violência. “Ainda que silenciosa, a culpa infiltra-se em forma de ansiedade, distúrbios emocionais e até doenças psicossomáticas”, ressalta.
O papel dos animais
Molinari lembra que os animais também possuem energia, essência e campo vibracional próprios. “Eles nos oferecem amor incondicional, ensinam lealdade e nos lembram da importância da vida em sua forma mais pura. Quando sofrem, sua dor não ecoa apenas em si mesmos, mas também no tecido energético do planeta.”
Segundo ele, diferentemente dos humanos, os animais não guardam rancor. Em planos sutis, seriam amparados por entidades espirituais ligadas à cura e à restauração. “Eles têm uma missão de ensinar e despertar compaixão nos homens. Muitas vezes, o sofrimento deles gera movimentos coletivos de solidariedade e empatia, iluminando a sociedade.”
Aprendizado espiritual
Para os agressores, porém, a dívida espiritual permanece. “É comum que espíritos que maltrataram animais enfrentem reencarnações em que se veem frágeis, dependentes ou submetidos a dores semelhantes — não como punição, mas como aprendizado”, explica.
Um chamado à reflexão
Mais do que amar apenas cães e gatos, a proposta é compreender que todos os seres vivos — aves, bois, cavalos, animais silvestres — participam da mesma corrente vital. “A espiritualidade não separa vidas em categorias de maior ou menor importância. Reconhece a sacralidade em tudo o que respira, sente e vibra”, diz Molinari.
Para ele, sociedades que toleram maus-tratos cultivam sementes de barbárie em si mesmas. Já aquelas que educam para o respeito e a proteção caminham rumo a um futuro mais humano e, ao mesmo tempo, mais divino. “Maltratar animais é, em última instância, maltratar a si mesmo. Já ao respeitá-los e protegê-los, o homem se aproxima do amor universal — a vibração mais elevada que sustenta todo o cosmos.”
Cura Espiritual é Aplicada Diretamente nos Animais na Zona Norte do RJ
No bairro do Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio, o Núcleo Espírita Allan de Melo (NEAM) realiza um trabalho especial voltado à saúde dos animais. Todas as terças-feiras, às 16h30, cães, gatos e outros pets são acolhidos em um tratamento espiritual gratuito, voltado a enfermidades físicas e comportamentais.
Coordenado por Fernanda Nassur, o trabalho começa com uma anamnese espiritual feita com o tutor, que ajuda a entender o contexto emocional da doença. Segundo a equipe, a maioria dos casos envolve doenças psicossomáticas, ou seja, distúrbios físicos com origem emocional ou energética — muitas vezes ligadas ao próprio tutor.
O tratamento envolve cirurgia espiritual, Reiki e orientações de equilíbrio energético, e frequentemente gera benefícios tanto para o animal quanto para o tutor. “Quando o animal adoece, a família inteira adoece junto. Por isso, a cura precisa ser conjunta”, afirma Fernanda.
Veterinários parceiros costumam se surpreender com os resultados, mas o NEAM reforça: o atendimento espiritual não substitui o acompanhamento veterinário. “A medicina espiritual caminha junto com a da Terra”, complementa a coordenadora. Além dos atendimentos no núcleo, o grupo também realiza visitas a ONGs e casas de protetores, levando suporte espiritual e energético para animais resgatados e seus cuidadores.
O atendimento é gratuito, feito com base no amor, na caridade e na crença de que todo ser vivo merece acolhimento e cura em todos os níveis. NEAM – Núcleo Espírita Allan de Melo Av. das Américas, 19.900 – Recreio dos Bandeirantes Todas as terças-feiras, às 16h30
Cavalo mutilado, agressor solto: até quando a lei vai escolher quem merece proteção?
Mais um caso de crueldade revoltante: um cavalo foi mutilado covardemente e, mesmo assim, o agressor não foi preso. Foi ouvido pela polícia e saiu pela porta da frente, como se nada tivesse acontecido. A pergunta que não quer calar: até quando a justiça vai tratar a dor dos animais com tamanha indiferença?
Desde 2020 temos a Lei Sansão, que aumentou a pena para maus-tratos contra cães e gatos. Mas e os outros? Cavalos, bois, aves, animais silvestres — todos continuam sem a mesma proteção. A lei, que deveria valer para todos os seres vivos, cria uma hierarquia cruel: uns têm mais direito à vida do que outros.
E o resultado é este que vimos: um homem que mutila um cavalo continua solto. Porque, para a legislação atual, esse crime não é “tão grave” quanto se fosse contra um cachorro ou um gato. É preciso dizer com todas as letras: isso é uma distorção inaceitável. Quem sente dor precisa de proteção, independentemente da espécie. Não há justificativa para que um cavalo ferido seja menos importante diante da lei.
O que falta, então? Falta vontade política. Falta coragem dos deputados e senadores que se dizem da causa animal, mas não movem uma palha para corrigir essa aberração jurídica. Falta pressão da sociedade para que os governantes entendam que crueldade é crueldade, e não cabe seletividade quando se trata de sofrimento. Enquanto isso, nós seguimos testemunhando a impunidade, que só fortalece a mão de quem maltrata.
A verdade é dura: quem maltrata animais hoje, continua contando com a conivência da lei. E cada dia que passa sem mudança é mais uma vitória da barbárie sobre a compaixão.
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