Prevenção e cuidados também são fundamentais para prevenir câncer de mama em petsFreepik
De acordo com estudos, até metade das cadelas não castradas podem desenvolver tumores mamários ao longo da vida. No caso das gatas, o quadro é ainda mais preocupante: cerca de 85% dos tumores mamários são malignos, com alto potencial de metástase — ou seja, de se espalhar para outros órgãos.
O médico-veterinário e diretor geral da Faculdade de Medicina Veterinária Qualittas, Francis Flosi, destaca que a castração antes do primeiro cio é o principal fator de prevenção.
“Quando a castração é feita antes do primeiro cio, a chance de a fêmea desenvolver câncer de mama diminui drasticamente. Além disso, o diagnóstico precoce é essencial para o sucesso do tratamento. Pequenos nódulos, quando identificados rapidamente, podem ser removidos com mais segurança e oferecer maior sobrevida ao animal”, explica o veterinário.
Sinais que exigem atenção
O câncer de mama em pets pode se manifestar de forma silenciosa. Pequenos caroços nas glândulas mamárias, secreção nas mamas, inchaço, dor local ou alterações na pele da região são sinais de alerta que não devem ser ignorados. O ideal é que o tutor realize a palpação das mamas da cadela ou gata regularmente, principalmente em animais mais velhos ou que não foram castrados.
“O tutor é o primeiro a notar quando algo está diferente no corpo do animal. Por isso, qualquer alteração deve motivar uma visita imediata ao veterinário. O tempo é um fator determinante no prognóstico”, orienta Flosi.
Castração é o principal método preventivo
A relação entre hormônios reprodutivos e o desenvolvimento de tumores mamários é bem documentada. A exposição prolongada ao estrogênio e à progesterona aumenta significativamente o risco da doença. Castrar a fêmea antes do primeiro cio reduz esse risco para menos de 1%; após o segundo cio, a chance sobe para cerca de 25%.
“Quando o tutor entende que a castração não é apenas uma questão de controle populacional, mas uma medida de saúde preventiva, ele passa a agir de forma muito mais consciente. Evitar o primeiro cio é a maneira mais eficaz de proteger a fêmea contra o câncer de mama”, reforça o especialista.
Tratamento e qualidade de vida
O tratamento do câncer de mama em animais depende do estágio da doença, do tipo de tumor e das condições gerais de saúde do pet. Em muitos casos, é necessária uma cirurgia para retirada das glândulas mamárias afetadas, associada ou não à quimioterapia.
A boa notícia é que, quando diagnosticada precocemente, a doença tem tratamento e pode permitir que o animal viva bem por muitos anos. “O diagnóstico precoce faz toda a diferença. Quanto menor o nódulo, mais simples é a cirurgia e maior é a chance de cura. É um erro esperar o nódulo crescer para agir”, explica Flosi.
Formação e atualização profissional
O avanço da Medicina Veterinária tem permitido diagnósticos mais precisos e tratamentos cada vez mais eficazes. Mas, para isso, é fundamental que o médico-veterinário mantenha-se atualizado. Cursos de especialização em oncologia veterinária, diagnóstico por imagem e clínica médica têm sido cada vez mais procurados por profissionais que desejam aprimorar a prática clínica e oferecer o melhor atendimento aos pacientes.
“O tutor espera que o médico-veterinário ofereça ao pet a mesma qualidade de diagnóstico e tratamento que encontramos na saúde humana. Para isso, a formação acadêmica precisa ser sólida e complementada por especializações. Só assim conseguimos transformar informação em resultado clínico”, ressalta Flosi.
Diagnóstico por imagem: um aliado
Exames de imagem, como ultrassonografia e radiografia torácica, são essenciais para determinar o tamanho, a localização e o estágio dos tumores. A biópsia confirma o diagnóstico e define o tipo histológico, o que orienta o tratamento mais adequado. Em clínicas bem estruturadas, esses recursos são cada vez mais acessíveis, permitindo um atendimento completo.
“Não basta apenas detectar o tumor. É preciso saber qual é a natureza dele, se é benigno ou maligno, e se houve metástase. Por isso, o diagnóstico por imagem é uma ferramenta indispensável no manejo oncológico”, acrescenta o médico-veterinário.
Campanhas que salvam vidas
Nos últimos anos, o Outubro Rosa Pet vem ganhando força em clínicas e hospitais veterinários de todo o país. Durante o mês, são realizadas campanhas educativas, mutirões de castração e consultas com valores reduzidos. O objetivo é conscientizar os tutores sobre a importância de prevenir e detectar precocemente o câncer de mama nos animais.
Além de reduzir custos e facilitar o acesso aos serviços, essas ações ajudam a quebrar tabus sobre a castração e sobre o tratamento de doenças oncológicas em pets.
“A medicina veterinária evoluiu muito. Hoje, o tratamento do câncer em animais é uma realidade, e o tutor tem papel fundamental nisso. A conscientização é o primeiro passo para salvar vidas”, diz Flosi.
Amor e cuidado também fazem parte do tratamento
Por trás de cada diagnóstico de câncer em pets há uma história de afeto. O vínculo entre o tutor e o animal pode ser um grande aliado no processo de recuperação. Atenção, carinho e acompanhamento constante são elementos indispensáveis para que o animal tenha qualidade de vida durante o tratamento.
“Cuidar da saúde do pet é um ato de amor. O Outubro Rosa Pet é um lembrete de que prevenir é o melhor caminho, tanto para as mulheres quanto para as fêmeas de quatro patas”, conclui o veterinário.
Dica para o tutor:
Observe caroços, secreções ou feridas.
Mantenha os exames em dia e converse com o veterinário sobre a castração.








Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.