Arte coluna Padre Omar 15 novembro 2025Arte Paulo Márcio
Amanhã, a Igreja celebra o Dia Mundial dos Pobres, instituído pelo Papa Francisco para recordar a todos nós a presença viva e muitas vezes silenciosa daqueles que mais precisam de atenção, cuidado e dignidade. Longe de ser apenas uma data no calendário, este dia nos provoca a olhar para o mundo e para nós mesmos, com a sensibilidade do Evangelho.
Em sua primeira mensagem para essa celebração, o Papa Leão XIV recorda um dos grandes segredos da esperança cristã: nenhum bem material é capaz de saciar o coração humano. Riquezas e bem-estar econômico são realidades importantes, mas não suficientes para dar sentido à vida. Ao contrário, podem ser ilusões perigosas, que nos conduzem a novas formas de pobreza — e a maior delas é acreditar que não precisamos de Deus.
A verdadeira esperança cristã é mais profunda. Ela não nasce da autossuficiência, mas da certeza de que Deus cumpre suas promessas. Sustentada pelo amor, a esperança transforma o coração e o torna terra fértil, onde germina a caridade — essa força capaz de renovar o mundo.
A tradição da Igreja sempre ensinou que fé, esperança e caridade caminham juntas, em movimento circular: a esperança nasce da fé, que a alimenta e sustenta, sobre o fundamento da caridade, que é a mãe de todas as virtudes. E se há algo de que o nosso tempo precisa, é justamente de caridade — vivida não como um sentimento passageiro, mas como decisão amadurecida para o bem comum.
A caridade é, de fato, o maior mandamento social. A pobreza não é um fenômeno isolado, mas fruto de causas estruturais que precisam ser enfrentadas, corrigidas e superadas. Ao mesmo tempo, cada cristão é chamado a oferecer ao mundo sinais concretos de esperança, como fizeram tantos santos ao longo da história. Hospitais, escolas, orfanatos e obras sociais nasceram exatamente dessa compreensão evangelizadora: acolher, curar, educar, amparar.
Para a Igreja, os pobres nunca foram um tema secundário, são irmãos e irmãs prediletos de Cristo. Em suas vidas feridas, em sua sabedoria, em suas palavras e silêncios, tocamos a verdade mais profunda do Evangelho. É por isso que o Dia Mundial dos Pobres deseja recordar que os pobres estão no centro da missão pastoral, não apenas na prática da caridade, mas também naquilo que a Igreja celebra e anuncia.

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