Arte coluna Padre Omar 29 novembro 2025.Arte Paulo Márcio

Amanhã a Igreja inicia um novo ano litúrgico, abrindo as portas do tempo do Advento. Trata-se de um período precioso, que nos coloca diante da promessa salvífica de Deus realizada em Cristo: Aquele que veio em Belém, que vem hoje em cada Eucaristia e que virá no fim dos tempos em sua glória. Eis o fundamento da nossa esperança cristã e aquilo que nos sustenta até nos momentos mais difíceis — a certeza de que Deus vem, de que Ele está próximo de nós.
Com frequência ouvimos dizer que o Senhor está presente em nossa vida, que Ele nos acompanha e nos fala. No entanto, com tantas distrações do cotidiano, muitas vezes essa verdade permanece para nós apenas teórica. Sabemos que Deus vem, mas esperamos sinais extraordinários, manifestações prodigiosas, acontecimentos fora do comum. Jesus, porém, ensina justamente o contrário: a presença de Deus se revela sobretudo na simplicidade.
Deus está escondido nas realidades discretas do nosso dia a dia. Ele está ali, silencioso e fiel, nos pequenos gestos, no trabalho cotidiano, num encontro inesperado, no rosto dos que sofrem e pedem ajuda. Inclusive nos dias cinzentos e monótonos, quando nada parece acontecer, precisamente ali está o Senhor que nos fala, nos guia e inspira as nossas ações. Por isso, o Evangelho nos convida à vigilância. Há sempre o risco de não perceber a chegada de Deus, de deixar passar a sua visita pelas portas fechadas da distração ou da indiferença. O Advento é, então, um apelo a despertar. É tempo de sacudir a sonolência espiritual e de perguntar a nós mesmos: reconheço a presença de Deus nas situações ordinárias? Ou deixo-me levar pela pressa, pelas preocupações e pelo excesso de afazeres?
Se não estivermos atentos hoje, dificilmente estaremos preparados para o encontro final com o Senhor. A vigilância cristã é uma expectativa amorosa: é viver com o coração desperto, sabendo que Deus está próximo e continua a vir ao nosso encontro. Que este Advento seja, para cada um de nós, um verdadeiro despertar da fé, da esperança e da disponibilidade para acolher o Deus que vem.