Gastão Reis, colunista de O DIA divulgação

Tive a oportunidade de assistir a uma rápida entrevista do atual primeiro-ministro inglês, Rishi Sunak, em frente à conhecida rua Downing, nº 10, em Londres, que é sua residência oficial e seu escritório de trabalho. Ato contínuo, eu me lembrei da Casa Branca, onde mora e trabalha o presidente dos EUA. São, sem dúvida, dois países classificados entre os mais ricos do mundo.
E foi então que fiz um contraponto com o Brasil, que ainda tem muito a caminhar para chegar ao mesmo estágio de riqueza e seriedade no trato do dinheiro público. Tomemos o caso da Presidência da República no Brasil. O presidente mora no Palácio do Alvorada, trabalha, ao lado, no Palácio do Planalto e ainda dispõe da Granja do Torto nas proximidades, se resolver passar o fim de semana por lá. O vice-presidente foi premiado com o Palácio Jaburu.
Convenhamos que é um desperdício de espaços e de dinheiro público se tivéssemos mais respeito pelo último. Nessa mesma linha, tomemos a falta de exemplo do presidente Lula. Mora, há mais de um mês, na suíte presidencial de um dos hotéis mais caros de Brasília, pago com recursos públicos, tendo à sua disposição a Granja do Torto, que não foi invadida, e está em plenas condições de habitabilidade. Aliás, um duplo desperdício de dinheiro público: a equipe à sua disposição que trabalha na Granja do Torto e o dinheiro público gasto com as diárias caríssimas de uma suíte presidencial.
A tradição republicana de gastar a rodo vem de muito tempo atrás. Rigorosamente, desde 1889, com o Decreto do Mal. Deodoro da Fonseca, dobrou seu próprio salário em relação ao de D. Pedro II. Na época da construção de Brasília, foi aquela festa de erguer palácios com funções redundantes, já que o presidente poderia morar e trabalhar em apenas um deles.
Vale registrar como era o caso semelhante de Minas Gerais e provavelmente ainda é o de muitos estados. Os mineiros pagavam uma dupla conta: o do local de moradia do governador e família, o imenso Palácio das Mangabeiras, e o local de trabalho, o Palácio da Liberdade. Tudo isso mudou. O governador Zema transformou o Mangabeiras, onde havia uma equipe de 32 empregados, num local de convenções, que gera recursos ao invés de despesas desnecessárias. Ele hoje mora num apartamento alugado por ele e trabalha no Edifício Tiradentes, na Cidade Administrativa. Um exemplo, sem dúvida, a ser seguido.
Cortar despesas no Brasil virou palavrão. A briga atual de Lula contra o presidente do Banco Central, cuja mandato vai até o fim de 2024, tem a ver com a Selic, a taxa básica de juros, de 13,75% ao ano. Segundo Lula, essa taxa muito elevada inibe os investimentos empresariais, sem mencionar a carga tributária escorchante de quase 40% do PIB, que encolheu a indústria.
Na verdade, o que está acontecendo é que o mercado está reagindo às repetidas investidas de Lula em favor da gastança. Uma redução significativa da atual taxa de juros seria um sinal verde para a retomada da inflação. É o pior imposto que existe sobre os mais pobres, que Lula estaria querendo proteger. Pode? Samba do crioulo? Sem tirar nem pôr.
Nota: Vídeo meu sobre o governo Temer, ainda atual: “E a mentira continua”. Ou pelolink: https://www.youtube.com/watch?v=7lxnHXFBrIE
Gastão Reis é economista e escritor
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Autor: Gastão Reis Rodrigues Pereira E-mails: gastaoreis@smart30.com.br// ou gastaoreis2@gmail.com
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