Gastão Reis: O mato sem cachorro de não aprender a pensar
Aprender a pensar nos leva a ter compromisso com fatos e números. Povos bem sucedidos em termos socioeconômicos se desfazem rapidamente de políticas que não funcionam
No Brasil, falamos muito em Educação de qualidade, e pouco fazemos para torná-la uma realidade. É fato que nossas escolas privadas não estão tão distantes do padrão de qualidade exigido pelos países europeus. Os testes que medem seu desempenho em função das metas a serem atingidas não nos colocam fora do páreo. Não é o caso de nossas escolas públicas, que deixam muito a desejar em comparações internacionais de qualidade do ensino. Mas são fundamentais para a redução das desigualdades de renda e bem-estar.
Mas tanto no setor privado quanto no público a moda persistente é a chamada Educação Crítica. Num primeiro momento, parece ir na direção correta não fosse o viés antimercado e de críticas ao capitalismo. Sabemos que o mercado nem sempre funciona. São as chamadas falhas de mercado, mas que não se comparam às falhas de governo na gestão da coisa pública. Na verdade, é mais fácil corrigir as falhas de mercado dando os incentivos corretos do que as de governo. As reclamações contra os políticos e os gestores públicos, sempre presentes, falam por si mesmas nos diversos ambientes sociais.
Lugwig von Mises é um pensador da Escola Austríaca de Economia pouco divulgado entre nós, não obstante sua importância no campo da Economia. Para ele, aprender a pensar é se familiarizar com a chamada estrutura lógica da razão. Ser capaz de encarar os fatos e os números sem viés ideológico, que nos leva a descaminhos que custaram muito caro a diversos povos (russos e chineses, dentre outros) do planeta terra.
O nome desse tipo de pensamento torto se chama polilogismo, muito ao gosto dos marxistas. Trocado em miúdos, significa que você pode construir uma outra lógica de acordo com os interesses de sua classe social. Para eles, o pensamento não produz verdades, mas ideologias. Dessa forma, se um pesquisador propõe uma teoria científica não-marxista, basta desmascará-lo alegando sua origem burguesa sem dar maior atenção aos méritos intrínsecos da teoria. Uma atitude desonesta do ponto de vista moral e intelectual.
O dramático é que essa visão de mundo se tornou algo muito concreto em diversos países. A ex-URSS e a China, depois de muito tempo, se deram conta de que o mercado funcionava bem melhor do que o planejamento central com seus resultados pífios. O tempo histórico perdido até acertar o passo foi pago pela população. Na América Latina, países como Cuba, Venezuela e Nicarágua parecem ainda não se dar conta do sofrimento causado por suas lideranças a seus próprios povos, submetendo-os a toneladas de ideologia que não resolvem seus problemas básicos.
Aprender a pensar nos leva a ter compromisso com fatos e números. Povos bem sucedidos em termos socioeconômicos se desfazem rapidamente de políticas que não funcionam. Estão sempre preocupados com resultados no plano coletivo. Não faz sentido reincidir, como quer Lula e o PT, em políticas equivocadas denunciadas inclusive pela grande mídia. Cabe a nós nos mantermos alertas para não cairmos nessa armadilha onde reina a ideologia.
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