"Você pode enganar algumas pessoas o tempo todo, ou todas as pessoas durante algum tempo, mas não pode enganar todas as pessoas o tempo todo" - Abraão Lincoln
Uma das conquistas mais difíceis de um país é dispor de instrumentos legais e cultura política que permitam ter uma classe dirigente que zele pelo interesse público. Na verdade, os que conseguem são exceções. Mas todas as nações que chegaram lá exigem prestação de contas regulares (semanais, com frequência) do Poder Executivo.
Esta é a regra de ouro que nosso presidencialismo de colisão, e não de coalizão, como o definem, não consegue pôr em prática. Não é preciso ter muita imaginação para concluir que essa ausência de controles regulares gera toda sorte de desvios de recursos públicos. Os governantes se escudam no “eu não sabia de nada”, tão comum ontem e hoje na boca de Lula e Dilma.
São sempre os últimos a saber. E pelos jornais, como nós. Simplesmente ignoram o fato de que são responsáveis, ou deveriam ser, pelos desmandos e negociatas dos companheiros nomeados por eles.
No passado, Lula teve a pachorra, como presidente, de se dizer indignado com a corrupção. Alguém acredita nisso após os bilhões devolvidos? Nos países politicamente bem resolvidos, essa desculpa esfarrapada não é aceita. Lá, eles cobram e punem, seja quem for, pelo dinheiro público surrupiado. Aqui, o STF foi sensível às lágrimas de Lula a tal ponto de lhe permitir, por manobras jurídicas marotas, ser candidato à Presidência.
A título ilustrativo dos maus hábitos republicanos no Brasil, desde 1889, merece registro um incidente presenciado por um amigo meu. A época era da segunda vez que Lula se candidatou sem sucesso à Presidência. Numa farmácia, ele ouviu o seguinte diálogo entre o balconista e um amigo dele, que passou por ali para dar um alô. E lhe perguntou em quem ele ia votar. Como não era no Lula, o amigo metralhou: “Mas como?! Você tem que votar em alguém igual a nós para nos defender!”. Rápido no gatilho, o balconista respondeu de modo muito pé-no-chão: “Eu tenho que votar é em alguém muito mais preparado do que eu para ser presidente da República!”.
Abraão Lincoln foi lenhador, autodidata, e chegou à Presidência dos EUA. Ele nos legou a seguinte pérola: “Você pode enganar algumas pessoas o tempo todo, ou todas as pessoas durante algum tempo, mas não pode enganar todas as pessoas o tempo todo”. Dito que cai como uma luva em Lula. Mas, no caso dele, agravado pela revolta dos quatro quintos. Como assim?
A apuração dos resultados do segundo turno da eleição presidencial nos revela que Lula só ganhou no Nordeste, tendo perdido para Bolsonaro nas outras quatro grandes regiões: Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte. Como o nosso balconista, os habitantes destas regiões, que compõem 75% da população, não se deixaram enganar.
Lula pretende reestatizar, desmontar reformas importantes já realizadas e impor controle social da mídia (censura), com a mesma patota de sempre. Uma charge nos revela, através de um ângulo diferente, por baixo da mesa em que eles estariam reunidos, com todos eles usando tornozeleiras eletrônicas. Dá para confiar? O clamor das ruas já começou. O balconista tinha princípios.
(*) Digite no Google “Dois Minutos com Gastão Reis: Inversão de Valores” para assistir meu vídeo. gastaoreis2@gmail.com
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