Gastão Reis, colunista de O DIA divulgação

Dadas as circunstâncias, me pareceu que é chegada a hora de reler Roberto Campos e lutar para que o bonde Brasil não descarrilhe. Talvez nem ele imaginasse que estamos diante da reprise de um filme cujo final tem a cara da Argentina de hoje, onde o populismo peronista fincou raízes profundas difíceis de serem removidas.
Ainda me lembro do meu falecido pai me dizendo que, na década de 1930, nosso referencial de país avançado e bem sucedido era a Argentina, e não os EUA. (O jornalista William Waack nos informa que as reservas líquidas em dólar da Argentina, aparentemente, estão negativas.)
A terceira edição, revisada e atualizado do livro “O Homem mais lúcido do Brasil – As melhores frases de Roberto Campos”, organizado pelo meu amigo Aristóteles Drummond, merece uma releitura. Ou leitura de quem não leu. Ali está um vasto arsenal de argumentos e alertas deixados por ele para o país caminhar na direção do desenvolvimento sustentado. Em especial, nessa (des)conjuntura atual em que uma recaída burra nos ameaça a todos.
Uma das frases de Campos que podem nos ajudar a retomar o rumo certo é a de número XLII: “Quem não busca uma visão histórica dos problemas acaba tendo deles uma visão histérica”. Tem outra, importante, a LII, que nos diz o seguinte: “O bonde da história foi substituído pelo jato da história. Este voa no espaço livre; aquele se arrasta no constrangimento dos trilhos.” Ambas põem o dedo em nossas duas feridas, sempre abertas, a serem curadas.
A coleção de bobagens proferidas pelo sr. Lula aqui e no exterior são um prato cheio, constrangedor até mesmo para a grande mídia que o apoiou na campanha. Uma delas é a crítica persistente ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em relação à taxa de juros (Selic) de 13,75% ao ano. Desta vez, foi em Londres, em que, acusou Neto de não ter compromisso com o Brasil, sendo fiel ao governo anterior que o nomeou. Um despropósito (mais um!), pois os juros elevados já vinham do governo Bolsonaro.
A rigor, nem uma coisa, nem outra. É óbvio que, sendo neto de Campos, ele tem um compromisso em defender o dinheiro público que o sr. Lula jamais teve. E continua sem ter. Afinal, alugar um andar inteiro num hotel de Londres para uma grande comitiva ociosa, pagando diárias de R$ 95 mil, é mais que eloquente da irresponsabilidade com que mete a mão no bolso de quem paga, com suor e lágrimas de revolta, impostos no Brasil.
A ironia da revolta lulesca é que ele talvez tenha que agradecer, daqui a um ou dois anos, a conduta do atual presidente do BC, de só reduzir a Selic no momento adequado, quando estiver seguro de que a inflação estará sob controle. E ter evitado que aquela terrível equação Lula 3 = Dilma 2 se tornasse uma realidade inflacionária, como economistas competentes e colunistas responsáveis têm alertado face à vocação de gastança de Lula 3.
A boa novidade é que a população está vigilante como no episódio de querer taxar compras na internet de até US$ 50. As redes sociais acenderam a luz vermelha e Lula retrocedeu. Roberto Campos bateria palmas para a população.

Nota: Digite no Google “Dois Minutos com Gastão Reis: O cheiro desagradável do poder”. Ou pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=Zl2UTiGi-JQ

Gastão Reis é economista e escritor

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Autor: Gastão Reis Rodrigues Pereira Empresário e economista. E-mails: gastaoreis@smart30.com.br// ou gastaoreis2@gmail.com Contatos: (24) 9-8872-8269 ou (24) 2222-8269