Gastão Reisdivulgação

As duras declarações de Elon Musk, em linguagem nada diplomática, parecem ter atingido o fígado do ministro Moraes, do governo federal, de parte da grande mídia e dos presidentes da Câmara federal e do Senado. Quase em uníssono, criticaram o desrespeito de Elon Musk às leis brasileiras e às decisões judiciais emanadas do ministro Alexandre de Moraes. Tudo teve início com a ameaça, repito, a ameaça dele de não cumprir determinações legais brasileiras envolvendo sua plataforma, a X (antigo Twitter).
Num processo de amnésia coletiva, esqueceram das decisões em cascata e monocráticas do mesmíssimo ministro afrontosas à Carta de 1988. Vários juízes e desembargadores de renome nacional já se pronunciaram sobre o assunto com severas críticas ao que vem ocorrendo. Um simples exemplo foi a atuação de Moraes e do STF no caso dos réus do 8 de Janeiro. Câmeras espalhadas pelos edifícios públicos
registraram quem estava promovendo o quebra-quebra. E até os que gritavam "Não quebra!".
Simplesmente arrolaram todos que estavam presentes naquele momento sem maiores preocupações em separar o joio do trigo. Penas desproporcionais foram estabelecidas no atacado, cometendo injustiças gritantes, inclusive quanto ao devido processo legal, que deveria ter ido para a primeira instância, ponto sempre alegado pelos advogados de defesa dos réus. É inconstitucional que a mesma pessoa acuse,
julgue e emita sentença final. E sem apelação!
Diante destes fatos, é perfeitamente compreensível que Elon Musk tenha se pronunciado diante das arbitrariedades cometidas. A omissão do Senado é evidente, e cobrada pela maioria da sociedade brasileira. Trata-se do órgão qualificado para coibir desmandos de qualquer ministro do STF, podendo inclusive abrir processo e até afastá-lo do cargo. Ao invés disso, o presidente do Senado sai em defesa do ministro Alexandre de Moraes.
O pano de fundo das atitudes monocráticas do ministro decorreria do combate aos golpistas de 8 de Janeiro em defesa da democracia. Curiosamente, a grande mídia não menciona o fato de o Brasil não dispor do voto distrital puro (ou equivalente) e da possibilidade de os eleitores revogarem mandatos (recall), dispositivos que dão controle efetivo do representado sobre seu representante, entre as eleições, nas democracias que funcionam de fato. Pior ainda: a raridade de plebiscitos no Brasil para consultar quem paga a conta.
Em entrevista recente, dada nos EUA, Musk afirma que "Moraes se tornou um ditador e que tem Lula na coleira". Disse mais: "Este juiz traiu, descaradamente e repetidamente, a Constituição e o povo do Brasil. Deveria renunciar ou sofrer impeachment". Na verdade, apenas verbalizou o que grande parte da população deseja. Simples assim.
Na semana passada, passei boa parte da semana em São Paulo para atender a vários compromissos, inclusive dar uma entrevista ao Brasil Paralelo sobre o papel do Exército na história brasileira. Falei com muitas pessoas de diferentes extratos sociais. Era evidente a torcida pelo Elon Musk. Ele teve a ousadia de enfrentar o todo poderoso Alexandre de Moraes, denunciando suas decisões monocráticas inconstitucionais.
Como disse o analista político Demétrio Magnoli, o vencedor foi Elon Musk. E com apoio majoritário da população brasileira face à inércia do Senado e as afrontas à Constituição passando em brancas nuvens.
Nota: digite no Google "Dois Minutos com Gastão Reis: Inversão de Valores". Ou pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=CSpng1r_oRA.
Gastão Reis
Economista e palestrante