Diante dos preços altos, a falta de rotas diretas - obrigando a realização de escalas e conexões - aliado ao aumento da procura nessa época do ano, o setor aéreo está devolvendo ao rodoviário o espaço que ele tinha tomado ao popularizar o acesso aos aviões na década passada.
Preços altos, cobranças de várias taxas sobressalentes, inclusive por bagagens, empurram passageiros de curta e média distância para viagens de ônibus. O fenômeno, que já vem acontecendo há algum tempo, intensificou neste verão e período de Carnaval. Outro complicador na opção pelas aéreas é a escassez cada vez maior de voos diretos, obrigando os passageiros a terem que gastar mais tempo e dinheiro com escalas e conexões. Para este Carnaval, enquanto as aéreas trabalham com 1.200 voos extras, o setor rodoviário amplia em 25% a oferta de ônibus. As localidades mais procuradas são as mesmas para os dois tipos de modais. A estimativa é da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati),é feita em comparação com 2020 antes da pandemia, que prejudicou os eventos carnavalescos.
Por ônibus: Rio e Salvador também entre os mais procurados
As viagens terrestres registram maiores procuras para as cidades que costumam figurar como as maiores festas carnavalescas do país - Rio e Salvador. Na lista entre os mais buscados pelos foliões aparecem na sequência: Diamantina, Ouro Preto e Belo Horizonte, em Minas Gerais e além de outras cidades nordestinas e do litoral do Espírito Santo como Marataízes e Guarapari. De acordo com o Ministério do Turismo, a única viação que faz o trajeto entre Fortaleza (CE) e Recife (PE), anuncia que irá quintuplicar as ofertas durante o período do Carnaval. “As festividades de carnaval, além de serem uma forte expressão da nossa cultura, também são responsáveis por um dos maiores fluxos turísticos do ano. Significa mais pessoas viajando, movimentando o comércio, gerando emprego, renda e impulsionando a nossa economia”, destaca a ministra do Turismo, Daniela Carneiro.
Segundo a ClickBus, uma das mais populares plataformas de venda de passagens do segmento no país, de janeiro a setembro de 2022 foram vendidas 83% a mais de passagens do que o mesmo período de 2020. De acordo com a plataforma, a competitividade dos preços e a modernização da infraestrutura dos ônibus são fatores que podem estar impactando na expansão do transporte rodoviário de passageiros.
Aumento de movimento nas rodoviárias do estado do Rio
O transporte coletivo terrestre tem se mostrado uma opção cada vez mais presente nas viagens de lazer para dentro do Brasil. Para as cidades turísticas do estado do Rio, as rodoviárias são os principais terminais de entrada ou de conexão com voos que desembarcam na capital.
"A rodoviária para o interior do estado do Rio é um dos principais meios do transporte do turista, devido a falta de aeroporto e outros meios de transporte para os destinos menores. Apesar do aeroporto de Macaé, Campos, Cabo Frio e Maricá serem um hub para facilitar a locomoção de turistas que decidem visitar essas regiões. A taxa de ocupação no interior está em alta nas férias ficando em torno de 80%, no carnaval devemos chegar a 95%. Os turistas já devem se programar com antecedência devido a grande procura." Guilherme Abreu - presidente da Federação de Conventions Visitors Bureaux do Estado do Rio de Janeiro.
Já a Rodoviária da Capital, que passou por recente remodelação, também redireciona passageiros para as municipais.
"A Novo Rio passou por um processo de estruturação. Muitos turistas, principalmente de locais mais próximos estão optando pelo transporte rodoviário, com passagens mais em conta" - revelou Roberta Werner - diretora do Visit.Rio.
Dados da Pesquisa Nacional de Domicílios (PNAD), realizada pelo Ministério do Turismo e o IBGE apontam que cerca de 12,5% das viagens realizadas em 2021 foram de ônibus de linha, 10,2% de avião e 57,2% de carro particular ou de empresas. Os principais motivos pessoais de viagem são lazer (35,7%).
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