Pedro Duarte. Vereador (Novo)Divulgação

Semanas atrás escrevi aqui mesmo nesta coluna que "não há missão mais importante hoje no Rio de Janeiro do que restaurar a paz para os cariocas" em um texto sobre a violência em Copacabana.
Muitos vão associar a população em situação de rua justamente à violência e ao bairro de Copacabana, seja por reunir parte consideravel das quase oito mil pessoas nessa condição na cidade - segundo o censo de 2022 da Prefeitura do Rio - ou por casos como o estupro a uma jovem realizado por um homem em situação de rua no último mês.
São dados e fatos que aumentam o estigma e atrapalham a forma como lidamos com esse público. As pessoas em situação de rua representam o mais alto nível de vulnerabilidade social em nossa sociedade, são indivíduos que possuem em comum a pobreza extrema e os vínculos familiares fragilizados ou perdidos - e que, infelizmente, vêm crescendo mais e mais a cada ano.
Durante 2023 visitei diversos aparelhos públicos voltados para essa população: abrigos, Centros Pop, CRAS, CREAS, tudo. O que vi define bem como nossos governantes lidam (e não é de hoje) com essas pessoas: baratas, percevejos, camas quebradas, comida estragada. Não por acaso, o relatório que produzimos no mandato após as visitas se chama "Esquecidos".
O crescimento da população em situação de rua é um problema público complexo, que tem raízes em questões macroeconômicas, socioculturais, políticas e evidencia falhas nos programas de proteção social básica, moradia, saúde pública, ordem pública, dentre outros. E não se enganem: afeta todos que moram na cidade, direta ou indiretamente.
O Programa Seguir em Frente, lançado na última semana pela Prefeitura do Rio, traz novas práticas e promete tratar, sobretudo, os casos mais graves com maior cuidado e urgência em nossa cidade.
Porém, é importante ressaltar que todo o cenário atual sobre a população em situação de rua no Rio destaca uma incapacidade histórica do poder público em estruturar respostas eficientes, em termos de políticas públicas, para conter este aumento e atender de forma humanizada, mas firme, essa população - situação que foi ficando cada vez mais crítica a cada nova gestão em nossa cidade.
Planos, programas, troca de cadeiras e novas diretrizes, tal qual o "Seguir em frente", já foram tentados das mais diversas formas nas últimas décadas, sem muito sucesso. Espero que este seja enfim capaz de tirar essa população do esquecimento e restaurar a paz de todos os cariocas.
Pedro Duarte
Vereador (Novo)