Djavan lança novo disco, Vesuvio - Divulgação
Djavan lança novo disco, VesuvioDivulgação
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Num mercado fonográfico complicado como o de hoje em dia, só Deus sabe se o novo disco de Djavan, 'Vesúvio', vai conquistar os mesmos números que outros lançamentos do alagoano (como o bem-sucedido duplo ao vivo que lançou em 1999). O cantor não se intimida e corre atrás: no novo álbum, cuidou de fazer um repertório bastante acessível e direto. Especialmente em músicas idealistas como 'Solitude' ("guerra vende armas/mantém cargos, destrói sonhos/tudo de uma vez/sensatez não tem vez").

"Quis acentuar mais o lado pop, para que a fluidez da comunicação fosse maior, sobretudo nas canções políticas. E isso é um desafio, porque é mais difícil fazer algo simples, menos elaborado", conta o cantor, que está em duas posições na música brasileira: é um autor cheio de personalidade, mas também se anima muito com a competição do mercado. "Desde o começo da minha carreira que não faço outra coisa a não ser tentar impor uma lógica própria. Sou uma pessoa distinta, componho de maneira diferente, toco diferente, mas tenho que me popularizar. Tenho sempre a impressão de que, se eu gosto de mim, quem gostar também vai gostar".

O repertório de 'Vesúvio' começou a ser feito em janeiro. Djavan conta que, com o tempo, fica cada vez mais exigente com suas próprias músicas, mas é um processo ao qual ele já está acostumado. O compositor gosta do ambiente do estúdio para completar o resto do repertório. "Geralmente entro com três, quatro músicas e componho as outras na gravação. Gosto daquela atmosfera, os técnicos, isso me inspira", conta. As letras são a última coisa no processo: Djavan gravou tudo até junho e só depois foi fazer letras e vocais. Prefere trabalhar desta forma. Não tem muito mistério: é forçar a barra e fazer, segundo ele. "É um item complexo, porque a música é estática e a palavra tem vários significados. Você se expõe mais escrevendo. Mas nem diria que tenho dificuldade, porque consegui escrever 12 letras novas de julho a agosto", brinca. "Basicamente é necessária uma super-introspecção e compreender que o que você tem que fazer, não vai ficar pronto se você mesmo não fizer".

ROCK

Diversificado como compositor, Djavan foi atração do 'Altas Horas', de Serginho Groisman, no sábado passado, e foi homenageado no palco por Iza, Thiaguinho, Ivete Sangalo, Emicida, Xanddy, Pablo e Vanessa da Mata. Cada um cantou uma canção sua. Só faltou um roqueiro no palco. Mas o rock não falta no repertório de Djavan: no disco novo tem a animada 'Viver é Dever', com cara de anos 1980 e lembrando a fase oitentista de Guilherme Arantes.

"Pois é, é um rock!", define Djavan, que só não pensa em fazer um disco inteiro à base de guitarras. "Eu não me sentiria à vontade em fazer o que chamo de 'disco de especialista', isso caminharia contra a minha natureza. Me satisfaço com a diversidade, e foi ela que me formou".

ROBERTO

Daqui a dois anos, Djavan tem uma data redonda para comemorar: em 1980, ninguém menos que Roberto Carlos gravou uma música sua, 'A Ilha'. O Rei ligou para o compositor, que já havia conseguido sucesso com 'Flor de Lis' e 'Cara de Índio', e lhe pediu uma canção para o seu disco daquele ano que traria hits como 'Guerra dos Meninos' e 'Amante à Moda Antiga'.

"Eu estava na minha casa, atendi o telefone e pensei que fosse trote!", brinca Djavan, que participou do especial do Rei duas vezes uma delas em 2017. "Eu estava numa fase em que eu não era assim tão conhecido, e foi uma bênção para mim. Roberto me ajudou muito na inter-relação entre minha música e meu nome, para o público".

SOZINHO NUNCA

O disco novo usa a solidão como tema em músicas como 'Solitude' e 'Tenho Medo de Ficar Só'. Não é um conceito que Djavan conheça. "Eu nunca fico só!", conta.

"Tenho filhos, filhos pequenos, netos, até um bisneto. E tios, tias, irmãs. Dentro disso, não há solidão possível. Gosto de ficar sozinho no quarto de hotel, para ver televisão, ouvir música. Mas solidão ruim é aquela que não é opcional", salienta Djavan, esperançoso de que o Brasil e o mundo mudem nos próximos anos. "Chegamos no fundo do poço e isso não tem como continuar. Existem muitas pessoas positivas no mundo, e essas pessoas vão ser a força capaz de modificar tudo", diz.

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