A noite de Rincon no palco do Circo vai além das músicas. A ideia de Rincon é levar ao público não apenas a figura do MC, que ele sempre relembra em suas canções com o verso “a cultura do MC ainda vive, certo?”, mas de outros elementos do hip-hop, como a dança. Além da figura que “faz as pessoas se encontrarem com as palavras”, o músico traz ao show duas dançarinas dedicadas a interagir com a plateia “metendo dança”. É, para Rincon, mais uma das diversas formas de se comunicar no hip hop.
“Se formos para traz da cultura do hip hop, na cultura africana, essa sempre foi a a nossa forma de conversação. Instrumentos, palavras, desenhos, corpos, cabelos etc. As dançarinas são pessoas que vão me ajudar a cantar., mas elas falam com os corpos”, resume o rapper.
O Disco
‘Mundo Manicongo - Dramas, Danças e Afroreps” é o disco de Rincon que sucede o premiado ‘Galanga Livre’, de 2017. O músico diz o álbum atual aborda o universo do qual ele próprio vem, e une as letras ritmos que o agradam, como o afrobeat e o 150 BPM. O CD tem participações, além dos nomes já citados, de Rael, ÀTTØØXXÁ, Gaab, 3Duquesa, Audácia e Mano Brown. A último, uma realização para Rincon, que cresceu com as fitas da Racionais MC’s e hoje pode “contribuir para que os ouvintes tenham acesso ao Brown em outra sonoridade, texto e flow”.
Passado e Presente
O nome “Manicongo”, como Rincon conta, surge a partir do nome "Mwene Kongo", que na língua africana Kikongo literalmente "senhor do Kongo". A proposta do rapper foi de trazer na sua arte referências que agregassem à história da cultura negra e afro-brasileira. Além de vulgo, “Manicongo” está presente no título do novo álbum, que também é o nome da primeira faixa do CD.
Essa faixa foi apresentada por Rincon no projeto internacional Colors, em que artistas de diversas partes do mundo são convidados a cantar. A oportunidade, segundo o músico, potencializou o atual momento de sua carreira. “Tenho seguidores que surgiram a partir do Colors. Em uma resposta que está no vídeo do YouTube, a pessoa diz que não entende o que eu digo, mas se conecta com a minha música. Há um impacto”, celebra.