Rio de Janeiro 29/01/2020 - Orquestra do Racho Flor do Sereno com Carnaval Pixinguinha. Foto: Luciano Belford/Agencia O Dia - Luciano Belford/Agência O Dia
Rio de Janeiro 29/01/2020 - Orquestra do Racho Flor do Sereno com Carnaval Pixinguinha. Foto: Luciano Belford/Agencia O DiaLuciano Belford/Agência O Dia
Por RICARDO SCHOTT

Rio - Morto em 17 de fevereiro de 1973, aos 75 anos, Pixinguinha está presente na música brasileira até hoje, ainda mais no Carnaval. A série de shows 'Carnaval do Pixinguinha', feita pelo Rancho Carnavalesco Flor do Sereno (que acontece na Casa do Choro às quartas e quintas, até dia 20 de fevereiro) e exibida nos palcos cariocas há quatro anos, faz a ponte entre a época do autor de 'Carinhoso' e os tempos de hoje. Por sinal, sempre seguindo os arranjos feitos pelo próprio Pixinguinha para marchinhas consagradas.

"Tivemos um trabalhinho, porque tiramos os arranjos de várias gravações de discos de 78 rotações por minuto. Ouvimos as músicas várias vezes. A ideia era fazer um tributo a ele, e fazer com que tudo soasse como foi feito há quase 90 anos", conta o diretor musical Paulo Aragão, que rege no palco o Rancho, agregando os vocais de Pedro Miranda, Pedro Paulo Malta e Nina Wirtti. "Muita gente ouve 78 rpms lançados há vários anos, com aquele som característico do chiado, mas ouvir esse material ao vivo dá uma sensação diferente. As pessoas podem conhecer as marchinhas, até pela própria tradição oral, nos bailes, nos blocos, nas ruas. Mas é diferente ouvir num arranjo original do Pixinguinha".

Os arranjos originais tirados por Paulo com os músicos do Rancho (Tomaz Retz, flauta e flautim; Rui Alvim e Rodrigo Milek, clarinete e sax alto; Pedro Paes, sax tenor; Juan Varela, trompete; Thiago Osório, bombardino; Fernando Zanetti, tuba; Luiz Flavio Alcofra, violão; Jayme Vignoli, cavaquinho; e os percussionistas Marcus Thadeu, Magno Julio, Gabriel Leite e Oscar Bolão) já foram publicados em 2014 pelo Instituto Moreira Salles. E vai de temas clássicos como 'Alalaô' (Haroldo Lobo e Nássara) e 'Ride Palhaço' (Lamartine Babo), a lados-b do autor, recuperados pelo Rancho.

"Fazemos uma marcha-rancho do Pixinguinha chamada 'Saudade', lançada por ele nos anos 1950, que é inédita. Ela havia sido gravada uma única vez, e depois nunca mais. Estava num arquivo do IMS, do acervo do Pixinguinha. E é uma música linda", conta Paulo, que também aproveita para inserir a linguagem própria do Rancho. "Completamos o programa com arranjos nossos, com linguagem moderna, mas no estilo do Pixinguinha".

Pedro Paulo Malta, um dos cantores convidados, diz se sentir como o viajante do tempo Marty McFly, da franquia 'De Volta Para o Futuro'. "A gente se sente dentro do disco antigo, ouvindo sons feitos há cem anos saindo de uma banda contemporânea", brinca. "E isso acontece por causa da caneta de gente como o Paulo, o Vignoli. No público, as pessoas ficam embevecidas, num clima de emoção".

Paulo adianta que o público tem se surpreendido com os arranjos originais. "As músicas soam muito coloridas. A quantidade de cores que Pixinguinha usava nos arranjos é surpreendente. É genial. Todos vão ao show esperando a coisa de Carnaval, mas se surpreendem quando ouvem a roupagem que ele concebeu para essas marchinhas conhecidas ou menos conhecidas", afirma.

Casa do Choro. Rua da Carioca 38, Centro (2242-9947). Hoje e amanhã, 12 e 13 de fevereiro e 19 e 20 de fevereiro. Às 19h. R$ 50 (estudantes e maiores de 65 anos pagam meia-entrada).

 

Você pode gostar
Comentários