"'Quero Viver Sem Grilo' é uma música que nunca foi gravada, e eu adoro essa música, sempre adorei. Acho uma super música e achei que ela tinha uma pertinência muito grande com o momento pessoal e emocional que eu estava vivendo. E foi o momento ideal, eu achei, pra colocar pra fora tudo o que eu queria.
SEM GRILO
Quando questionada quais grilos gostaria de viver sem, Emanuelle não titubeou. "Quero viver sem o grilo de que nossa democracia vai acabar,de que a gente pode ter a liberdade de ser o que se é, viver sem grilo de achar que posso ser desrespeitada pelo simples fato de ser mulher. Eu quero viver sem o grilo que eu possa viver da minha música e da minha arte e saber que eu vou ter espaço cultural no meu país pra isso", diz ela, que acrescenta: "Eu quero viver sem o grilo de que eu possa acordar e ter paz de espírito para simplesmente viver. E tem um monte de grilo aí que não vai caber no jornal, mas também tem um monte de coisa prazerosa pra descompensar os grilos".
Esse será o segundo álbum solo da artista e conta com dez faixas da obra de Jards Macalé. Emanuelle conta que a relação dela com o homenageado é de praticamente de fã. "Vou aos shows, a gente se encontra no camarim. Ele sabe de todo o projeto. Claro que eu pedi bênção antes de começar a gravar. A gente conversa bastante, na verdade, em todas as vezes que a gente se encontrou, ele foi muito carinhoso comigo", destaca orgulhosa.
O ÁLBUM
'Quero Viver Sem Grilo - Uma Viagem a Jards Macalé' foi gravado durante uma semana, em 2018, em Nova York, nos Estados Unidos. "Desde o início, a coisa de gravar meio live, meio tocado ao vivo, todo mundo junto, já fazia parte da ideia do projeto", explica ela, que assina a produção ao lado de Guilherme Monteiro, brasileiro radicado há 20 anos nos Estados Unidos.
" A gente queria um estúdio que tivesse a capacidade de a gente poder gravar assim: 'batera', baixo, guitarra e voz, junto. E foi desse jeito que fizemos, gravamos em uma semana as dez faixas, e essas dez bases foram todas gravadas nesse estúdio em Nova Iorque. E, no Brasil, eu apenas fiz alguns 'overdubs' (técnica de gravação que consisteem adicionar novos sons a uma gravação já anteriormente realizada)de percussão e de voz, mas a maioria das vozes valeram nesse ao vivo junto com a banda. Apenas duas músicas, eu tive que fazer aqui. E eu acho que isso dá uma relevância muito grande ao trabalho, que tem muito de improviso, que tem muito de sensação, e pelos músicos serem americanos, com exceção do Guilherme", conta ela.
De volta, a soteropolitana lembra que teve várias questões pessoais e uma novela (´Órfãos da Terra', da Globo) que fizeram colocar o álbum em espera. "Só consegui terminar a produção no final de 2019", afirma. Com o retorno aos palcos com o musical 'Chicago' já programado, Emanuelle tem planos para o novo álbum. "Quero conseguir tocar, fazer um pouco desse disco ao vivo para as pessoas. Eu espero que eu consiga em breve", torce empolgada.