Bocardi BDSP - Reprodução
Bocardi BDSPReprodução
Por Juliana Pimenta

Rio - Não é só o 'BBB 20' que repercute na internet. Nas últimas 24 horas, um dos assuntos mais comentados no Twitter foi #bocardi. E não é por menos, o jornalista Rodrigo Bocardi, responsável pela apresentação do 'Bom Dia SP', da Globo, foi duramente acusado de racismo após comentários ao vivo na manhã de ontem (sexta-feira).

De dentro do estúdio, Bocardi acompanhava uma reportagem de Tiago Scheuer sobre o transporte público. O entrevistado era Lionel, um rapaz negro que usava uma camiseta do Clube Pinheiros, espaço de esporte e lazer da elite paulistana.

Ao ver o rapaz com a camiseta do clube, Bocardi pediu que o repórter perguntasse ao entrevistado se ele trabalhava no Pinheiros como catador de bolinhas de tênis. Visivelmente constrangido, o repórter repassou a pergunta ao jovem que disse que era atleta do time de pólo aquático.

Não satisfeito e sem se desculpar, Bocardi tentou explicar o questionamento, se referindo às suas partidas de tênis no clube. "E eu estava achando que era um dos meus parceiros que me ajuda ali nas partidas e é jogador de pólo aquático, olha que fera", disse.

Repercussão

Além do avalanche de comentários com #bocardiracista, muitos internautas comentaram que a atitude do apresentador revela o comportamento de quem não está acostumado a ver negros em posições de destaque. Logo, ao ver um jovem negro com a camisa do clube, a primeira reação de Bocardi foi imaginá-lo como funcionário e não como membro da associação. "Me dói muito ver que para os olhos de Bocardi se o jovem não é branco como ele, não pode ser outra coisa a não ser o gandula que pega as bolinhas para o seu jogo de tênis com os amigos", dizia um dos tuítes.

Reposta

Logo após a polêmica, Bocardi fez um post em sua própria defesa. O jornalista disse que se sentia "triste" com a acusação de preconceito. "Eu pratico tênis no Clube Pinheiros. Os jogadores não usam uniformes, mas os pegadores/rebatedores, sim: uma camiseta igual a do Leonel", explicou o apresentador que continuou dizendo que não tem e nem nunca teve preconceito.

"Nunca escondi minha origem humilde. Comecei a vida como garoto pobre, contínuo, andando mais de duas horas de ônibus todos os dias para ir e voltar do trabalho e escola. Alguém como eu não pode ter preconceito. Eu não tenho, nunca tive, nunca terei. E condeno atitude assim todos os dias. Mas se ofendi pessoas que não conhecem esses meus argumentos e a minha história, peço desculpas. Não o chamei de pegador pela cor da pele ou pela presença num trem. Chamei-o por ver que vestia o uniforme que eu sempre vejo os pegadores usarem", completou.

O Clube Pinheiros disse que, por se tratar de um episódio ocorrido fora das dependências do clube, não tem o que declarar a respeito de sua repercussão. De qualquer forma, a entidade disse que "a principal preocupação do Esporte Clube Pinheiros é garantir que o atleta tenha tranquilidade para dar andamento nas suas atividades da melhor forma possível".

A Globo não se manifestou sobre o caso.

 

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