Thiaguinho - Bruno Soares
ThiaguinhoBruno Soares
Por Juliana Pimenta
Rio - Imagina poder eternizar um momento incrível: um dia de verão, no fim de tarde e, claro, com aquela aglomeração que todo mundo sente saudades. Bom, Thiaguinho conseguiu e acaba de estrear ‘Tardezinha’, uma série original do Globoplay. A inspiração veio de um projeto de sucesso idealizado pelo cantor e pelo amigo Rafael Zulu.
“Tudo começou quando eu estava gravando um programa todo domingo à noite, no Rio de Janeiro. Conversei com o Zulu e pensamos em fazer um pagode aos domingos de tarde, que era o horário que eu tinha livre. Era para ser uma reunião de amigos aos domingos para cantar músicas nostálgicas e se tornou uma festa conhecida no país todo”, destaca o pagodeiro, que abre na série os bastidores da ‘Tardezinha’, turnê nacional que durou quatro anos.
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Referência e representatividade
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Apesar de aclamado pelos quatro cantos do país e reconhecido como referência de beleza negra, Thiaguinho reconhece que esse processo faz parte de uma construção. A autoestima do cantor, inclusive, foi trabalhada a partir de outros ícones da música. “Eu acho que tiveram outras figuras que ajudaram nesse processo, não só cantores. E digo isso por experiência própria. Quando eu era guri, tinha 10, 12 anos, o fato do pagode dos anos 1990 fazer sucesso, o Rodriguinho, o Alexandre Pires, o Salgadinho… Esses caras ajudaram muito na minha autoestima, muito mesmo. Influenciaram corte de cabelo, me influenciaram na maneira de me vestir e, principalmente, na forma de me olhar no espelho e falar ‘que bacana, que legal’. Quando eu vi as meninas da minha escola falando que eles eram bonitos, eu falava ‘há uma esperança’. Esses caras que vieram antes de mim participaram bastante desse processo. Então, eu fico feliz em ser continuidade disso tudo. Ser continuidade dessa reafirmação da beleza do homem negro”, pontua, aproveitando para fazer uma crítica ao racismo estrutural que invisibiliza expoentes negros.

“Tem vários outros exemplos de homens negros que representam a beleza negra na mídia. Óbvio que deveria ter muito mais espaço para isso. Até porque o nosso país tem mais da metade da população do nosso país é negra e, se a gente comparar a exposição, ainda tem muito a crescer”, defende.

Trajetória de sucesso

Aos 37 anos, Thiaguinho reflete sobre as conquistas na carreira: do reality show ‘Fama’, passando pelo Exaltasamba e culminando no sucesso da carreira solo. Mas, apesar de todo o carinho dos fãs, o cantor entende a responsabilidade de estar em evidência há tantos anos. “Na verdade, o samba é gigante. O samba tem uma história muito grande e sempre foi um gênero muito popular. O Brasil todo gosta de samba. A gente faz show em todas as regiões e o samba é bem recebido em todos os lugares. E óbvio que, quando você se destaca cantando samba, você atinge muita gente. Então, a noção que eu tenho é que é uma responsabilidade muito grande cantar samba, até pelas pessoas que chegaram antes de mim. Pelas conquistas que elas tiverem para alcançar o sucesso que o samba tem hoje. Eu tenho certeza que pro samba chegar ao Maracanã, muita gente teve que fazer muita coisa antes de mim. Eu me sinto muito feliz em fazer parte disso tudo e tenho noção de ser um artista de samba no Brasil”, argumenta o cantor que também se destaca em outras áreas além da música.

Coroação surreal

O grande show de encerramento, por sinal, reuniu quase 1 milhão de pessoas em um dos principais pontos turísticos do país. “O show do Maracanã - a ‘Tardezinha Surreal’ - é só a pontinha do iceberg de toda a luta que eu venho tendo na música brasileira ao longo desses 18 anos que eu canto. Acho que o Maracanã representa não só essa turnê da ‘Tardezinha’, mas toda a minha história desde o ‘Fama’, de quando eu saí da minha cidade pra tentar viver de música. De todos os momentos que eu já passei pela minha vida artística e pessoal, o Maracanã foi a coroação disso tudo. Foi o dia mais feliz da minha vida. Todas as pessoas que estavam lá entenderam muito bem o que significava aquele momento. Eu nunca imaginei cantar o Maracanã e estar em um palco como aquele, onde só grandes artistas se apresentaram é motivo de muita honra”, lembra Thiaguinho.