Nas últimas semanas, por sinal, os fãs brasileiros se empolgaram ao descobrir que Kendrick Lamar - um dos maiores expoentes do rap no mundo - estava ligado nas tendências literárias tupiniquins. A partir de uma publicação no Twitter, a tradutora de ‘O Sol na Cabeça’, livro escrito pelo carioca Geovani Martins, confirmou que o rapper norteamericano não apenas tinha tido acesso à obra, como teria adorado a leitura. “O trabalho tem sido precário, mas hoje meu autor me mandou um e-mail dizendo que tinha uma videochamada com Kendrick Lamar e que Kendrick Lamar adorou o livro dele (na minha tradução), e se eu tivesse dinheiro, poderia me aposentar neste minuto”, postou Julia Sanches.
Apesar do orgulho de ver uma obra nacional ganhando destaque, não é nenhuma novidade que o rap e a literatura andam lado a lado. Aliás, são nas batalhas de rima que os principais artistas da cena de hip-hop brasileira. Pensando nisso são lançados, O DIA convidou alguns dos expoentes do ritmo para contarem quais são os seus livros preferidos e as leituras que mudaram suas vidas.
“Esse livro é incrível, já gerou diversas conversas que duram horas entre meus amigos e eu. Entender essa caminhada do Homo Sapiens até aqui, revolução cognitiva, revolução imaginada. São coisas que explodem a cabeça e despertam cada vez mais interesse, o que faz a gente não querer largar o livro nunca”.
“É um livro que me influenciou de vários jeitos, além de me inserir melhor em muitos pontos da história da filosofia. Acho genial (mesmo que de forma simplista) a capacidade do livro de nos incitar a reflexões ao mesmo tempo fazendo um certo apelo a alguns contextos familiares que possibilitam a identificação entre o leitor e a personagem. É um bom guia para começar a desprender nossos pensamentos do óbvio e buscar esclarecimento, de toda forma possível. Sempre gostei desse tipo de referência para as minhas letras, sejam escritos ou em áudio, percebi que livros me inspiram mais que o normal, acho muito f*** o poder disso. Me levou a muitos caminhos válidos e alguns essenciais não só pra minha criação, mas pras minhas reflexões no geral..Sou meio ‘doidin’ das ideias, né? Aí, sabe… rs”
“Ambos trazem uma jornada de autoconhecimento, com experiências profundas e interessantes. Me inspirei em algumas passagens para minha formação como pessoa, formação dos meus pensamentos, o que acaba influenciando na minha carreira profissional, em inspirações para as composições do Haikaiss".
"Um livro que me influenciou muito, não só na minha arte - acho que o autor, que é um amigo próximo, nem sabe disso -, mas que me faz pensar diariamente sobre o nosso trabalho, sobre a nossa arte, nossa rima, sobre tudo. É um livro que me faz pensar muito sobre como a poesia funciona, por que não só nas diversas poesias que o livro carrega, mas no título ele traz um conceito da poesia que é o fato da poesia ser inútil: tão inútil quanto o ar que a gente respira, quanto os nossos atos, quanto o pensamento e quanto tudo. A poesia é inútil, mas pra quem não pensa, não vê e não sente a poesia nas coisas.
E é um livro que eu indico pra todo mundo que pensa dessa forma, que pensa muito sobre o que é a poesia, sobre o que somos nós no geral, não só enquanto artistas, mas como pessoas. E é isso, é um livro que me influenciou bastante nessa questão, que eu passei pro meu conceito de escrita e que me formulou nesse conceito"