Débora Falabella no lançamento do filme ’Bem-vinda, Violeta’Eduardo Martins / Ag. News

Rio - A atriz Débora Falabella estrela o filme "Bem-vinda, Violeta", que chegou aos cinemas no último dia 4.  Inspirado no romance "Cordilheira", de Daniel Galera, e gravado em Ushuaia, na Patagônia, o longa retrata o ingresso de Ana (Débora Falabella) em um famoso laboratório literário na Cordilheira dos Andes para escrever 'Violeta', seu próximo romance. Lá ela conhece Holden (Darío Grandinetti), criador de um método no qual os escritores abandonam a realidade para viver como seus personagens. Ana mergulha no processo e começa a confundir ficção e vida real. 
"Esse filme foi muito especial. Estávamos no meio da pandemia quando fui convidada pelo Fernando Fraiha [diretor]. Não imaginava que fosse dar certo. Ainda não tínhamos vacina e era um momento de muito medo e dúvidas. Ficamos isolados em um hotel na Patagônia, elenco e equipe. Eu estava com medo, mas ao mesmo tempo muito feliz de voltar a trabalhar", conta Débora.
Desafios
A atriz comenta a sensação de gravar quase todas as cenas em outro idioma, o espanhol, e relata a intensidade das gravações. "Foi a primeira vez que eu fiz um filme falando, a maior parte dele, em outra língua. Eu fiz também o 'Dois Perdidos numa Noite Suja', nos Estados Unidos. Eu falava pouco o inglês, então foi algo novo pra mim. No meu tempo de profissão, eu nunca tinha feito isso e é muito difícil atuar em um idioma que não é a sua língua materna. É muito desafiador porque sua maneira de interpretar fica diferente e a sua voz também fica um pouco diferente. Era um desafio e também muito gratificante", detalha a atriz. 
"Já tinha contato com a língua (espanhola), pois morei um ano na Argentina [durante as gravações de 'Chiquititas', em 1997]. Tive que estudar bastante e ter o roteiro na ponta da língua", diz a atriz, que relembra um desafio das gravações.
"Tinha uma cena muito grande e que eu falava muito o espanhol, então eu tinha que estar com essa cena bem estudada e com o idioma afiado. Foi uma cena bem difícil de estudar, mas na hora de fazer foi maravilhosa porque era uma contracena com o Darío Grandinetti, que é um grande ator e ótimo de contracenar. No final, eu nem queria que a cena acabasse."
Parceria com Darío Grandinetti

Entregue ao método de Holden, a personagem Ana vivencia momentos tensos durante o laboratório de escrita. Débora Falabella destaca a troca com ator argentino Darío Grandinetti, premiado com o Troféu Redentor de melhor ator no Festival do Rio, em outubro do ano passado, por conta do trabalho no longa. "Filmar com o Darío foi maravilhoso. Um grande ator, que faz um trabalho espetacular e um excelente companheiro de cena, assim como todo o elenco", revela. 
Trauma
No filme, Ana revela o desprezo paterno após a morte da mãe durante o parto. A atriz rejeita a ideia de que o deslumbramento da personagem com o método de Holden teria ligação com esse traumas. "Ela é uma artista e todo artista mergulha na sua arte de uma maneira intensa. Acho que ela é uma mulher que chega com muitas dúvidas em relação ao seu trabalho e inseguranças. A personagem mergulha nesse método que esse escritor propõe, mas não acho que tem a ver com os traumas, ela os usa para escrever a obra. Mas a maneira como esse homem conduz essa residência é muito manipuladora. Todos ali acabam caindo de alguma forma nessa loucura", observa.
Ficção VS Realidade
A realidade de Ana acaba se misturando com a vivência ficcional da personagem de seu livro durante a estadia no laboratório literário. Débora Falabella explica que nunca viveu a realidade de suas personagens, mas que é normal que isso aconteça com os atores. "Passamos muito tempo das nossas vidas interpretando outro personagem, então não tem como se desconectar totalmente dele. Quando você está fazendo um papel durante seis meses ou quase um ano, a sua voz vai ficar parecida, o sotaque, os gestos… Tudo isso a gente acaba absorvendo. É tanto tempo interpretando aquele personagem que ele se mistura com a gente, principalmente, fisicamente", afirma. 
"Em relação aos dramas, eu acho que a gente vai experimentando alguns diferentes dos nossos ou aproximando dramas que o personagem tem e que é nosso. Isso é interessante e até terapêutico. É uma profissão maravilhosa e não tem como ela não estar junto da gente. Eu não levo um drama, misturo e vivo como a personagem, mas não tem como não a gente ficar desassociado deles."
Estreia Tripla
Em cartaz com "Bem-vinda, Violeta", Débora Falabella celebra o lançamento de dois outros trabalhos. A atriz retornou à TV Globo como a personagem Lucinda, de "Terra e Paixão", que estreou na última segunda-feira. Além disso, a segunda temporada "Aruanas", em que ela interpreta Natalie, estreou na terça. "Eu nunca tive tantas coisas estreando ao mesmo tempo, então é maravilhoso. Só falta agora eu voltar com uma peça [risos]. Mas é ótimo ver esses trabalhos e acompanhar dois deles de uma forma distanciada porque eu fiz há mais tempo. A série passou no streaming e a novela é aquela loucura que vemos no ar e vai modificando, e ao mesmo tempo, tem que estar aberta às mudanças da personagem. É um momento forte."
Reportagem da estagiária Letícia Pessôa sob supervisão de Tábata Uchoa