Vera Holtz é a protagonista do filme ’Tia Virgínia’, que estreou nos cinemasVivi Gianquita / Divulgação

Rio - Vera Holtz está de volta às telonas com "Tia Virgínia", filme escrito e dirigido por Fabio Meira, em que contracena com Arlete Salles e Louise Cardoso. No longa, que estreou na última quinta-feira (9), as atrizes interpretam as irmãs Virgínia, Vanda e Valquíria, respectivamente, sendo a primeira responsável por cuidar da mãe idosa. Ao longo da trama, o público acompanha o dia em que as três se reúnem para comemorar o primeiro Natal após a morte do pai, mas o encontro traz rupturas que abalam a estrutura da família.
Em seu primeiro projeto de longa-metragem desde 2018, Vera Holtz revela que foi convencida a aceitar o papel de Virgínia no primeiro contato que teve com o roteiro de Meira. "Era o ponto de vista de um menino sobre sua própria família, suas tias e o desejo dele de transformar esse olhar em uma obra de ficção. Senti que era uma história que precisava ser contada através da linguagem cinematográfica", afirma a atriz, de 71 anos.
"É uma tragicomédia, como toda família brasileira, que é amalgamada por várias nacionalidades, culturas de diferentes lugares do mundo, que, ao serem misturadas, carregam os temperos da comédia e da tragédia. O público pode esperar se reconhecer no filme, sobretudo pelo fato de a história se passar em uma véspera de Natal", defende a veterana. Mesmo assim, ela destaca a diferença que existe entre si mesma e a personagem: "Não enxergo muitas semelhanças com a Virgínia. O que acontece no filme provavelmente jamais aconteceria entre minhas irmãs e eu".
A atuação em "Tia Virgínia" rendeu o prêmio de Melhor Atriz para Vera no Festival de Gramado, realizado em agosto deste ano, no Rio Grande do Sul. Com quase 50 anos de uma carreira memorável no teatro, cinema e TV, a artista fala com bom humor sobre a novidade de ter participado do prestigiado evento pela primeira vez. "Essa honraria significa para mim um alinhamento como atriz à família do cinema brasileiro. Foi uma surpresa muito feliz. Tanto é que tenho 'performado' com meu Kikito ultimamente, mostrando aos amigos e outros profissionais. Todos se divertem muito e gostam de tirar fotos com a estatueta", revela.
Com as personagens principais na casa dos 70 anos, o filme leva os espectadores a refletirem sobre a velhice e as possibilidades que existem na maturidade. Para Louise Cardoso, intérprete de Valquíria, a obra chega para trazer uma maior representação de pessoas mais velhas. "Eu acho importantíssimo para o cinema contar histórias sobre uma geração mais velha, que tem mais vivência, mais bagagem, mais profundidade, então tem histórias diferentes umas das outras. Quanto mais diversidade a gente apresentar no cinema, melhor para o público e para o próprio cinema", declara.
"Aqui, a televisão aberta fica sempre batendo na tecla dos personagens jovens, e o público quer ver tudo. Um personagem jovem com cabeça de mais velho, um personagem mais velho com cabeça de jovem... O público quer coisas diferentes para se espelhar, aprender, apreciar, para concordar e discordar", completa a artista, de 68 anos. "Tia Virgínia" traz, ainda, nomes como Antonio Pitanga, Daniela Fontan, Iuri Saraiva e Amanda Lyra.
Enquanto isso, Vera chama a atenção para o momento de retomada do cinema nacional com grandes títulos que estrearam em 2023, incluindo as cinebiografias "Nosso Sonho", da dupla Claudinho e Buchecha, "Meu Nome é Gal" e "Mussum, o filmis". No entanto, a atriz deixa um questionamento: "Qual é a razão de o público não estar consumindo seu próprio cinema? Os teatros já estão lotados novamente, mas as salas de cinema, não. Acho fundamental que as pessoas voltem às salas de cinema. É uma maneira de se ver na tela, de poder se emocionar e dar risada com nossas próprias questões".