Serafim Abreu, CEO da Time for Fun, fala sobre a morte de Ana BenevidesReprodução

Rio - Serafim Abreu, CEO da Time For Fun (TF4), publicou um vídeo em que se pronuncia sobre a morte de Ana Clara Benevides no show de Taylor Swift, no Rio, na última sexta-feira (17). O posicionamento da empresa acontece seis dias após a morte da estudante de psicologia que, segundo a prefeitura, foi vítima de parada cardiorrespiratória. 
"Nós sabemos a enorme responsabilidade que temos a organizar um evento desse porte. Por isso, não economizamos esforços e recursos para seguir sempre as melhores práticas mundiais do setor, para garantir conforto e segurança para todos", iniciou o empresário. 
Abreu falou no "calor extremo" e admitiu que a TF4 poderia ter permitido a entrada de copos descartáveis de água. "Reconhecemos que poderíamos ter tomado algumas ações alternativas, adicionais a todas as outras que fizemos, como, por exemplo, criar locais de sombra nas áreas externas, alterar o horário dos shows inicialmente programados, enfatizar mais a permissão de ingressar com copos de água descartáveis", continuou. 
O empresário chamou ainda o incidente de "aprendizado" e disse que a situação fez com que a empresa mudasse suas práticas para eventos de grande porte. "Esse aprendizado nos fez incorporar novas práticas para eventos em dias de calor extremo, como fizemos imediatamente nos shows seguintes. Sabemos que, com as mudanças climáticas que estamos vivendo, esses episódios serão cada vez mais frequentes", completou. 
Ele disse ainda que "todo o setor" precisa repensar sua atuação "diante dessa nova realidade". "De qualquer forma, quero aqui pedir desculpas a todos que não tiveram a melhor experiência possível. Entregar o melhor evento sempre será o nosso compromisso. Também peço desculpas pela demora em realizar essa manifestação pública, pois nosso foco estava em incorporar os aprendizados que tivemos", garantiu. 
Serafim Abreu classificou a morte de Ana Benevides como uma "fatalidade" e ressaltou que tal situação aconteceu "pela primeira vez em mais de 40 anos de atuação" da T4F.
O empresário ofereceu apoio à família de Ana Benevides, cujo corpo já foi sepultado há dois dias. Fãs precisaram fazer uma vaquinha para ajudar no traslado do Rio para a cidade natal da jovem. "Estamos absolutamente desolados, muito tristes com a perda da jovem Ana Clara, apesar do pronto atendimento e de todos os esforços realizados pelas equipes médicas no evento e no hospital. À família de Ana Clara, quero expressar os nossos mais sinceros sentimentos. Coloco aqui, agora publicamente, a nossa disposição em prestar assistência no que for necessário, como já dissemos, diretamente para os membros da família e para o advogado que os representa, por telefone, por escrito, desde o ocorrido", disse. 
"Entendemos a profunda dor dessa perda irreparável. Respeitamos a privacidade da família e reforço mais uma vez nossa disposição em colaborar. Quero também assegurar a todos os fãs que irão ao show da Taylor Swift em São Paulo que estamos trabalhando para proporcionar uma noite emocionante e memorável. Para os shows do Allianz Parque, seguimos o novo posicionamento das autoridades". 
O empresário afirmou que está permitida a entrada de garrafas plásticas flexíveis com água e que "copos de água descartáveis sempre foram liberados". "Todas as orientações para o show serão amplamente divulgadas em nossas redes para que todo mundo possa vivenciar a melhor experiência possível".
Entenda
A estudante de psicologia Ana Clara Benevides, de 23 anos, morreu na última sexta-feira, durante o show da cantora Taylor Swift, organizado pela empresa Time For Fun (TF4), no Engenhão, no Rio. A apresentação aconteceu no período em que a cidade passava por uma forte onda de calor. A sensação térmica na cidade chegou a quase 60º.
O público ficou na fila para a entrada do evento desde cedo, enfrentando muito calor. Muitas pessoas desmaiaram. Segundo os próprios fãs, a empresa não permitiu a entrada de garrafas de água e nem de leques no estádio. Além disso, tapumes estariam tampando a circulação de vento no local. 
Ana Clara Benevides, de 23 anos, chegou ao Engenhão com uma amiga por volta das 11h. Do lado de fora do estádio, Ana Clara chegou a postar um vídeo reclamando do calor. "Uma hora da tarde, a gente está aqui desde 11h e estamos aqui no perrengue. Fazer o que? É isso gente, não vai ter glamour hoje não. Acabou", disse a jovem. 
Daniele, amiga que estava com Ana Clara, contou ao "Fantástico" que em determinado momento se sentiu mal e Ana Clara falou para elas comerem uma barrinha de proteína. "A gente comeu, se molhou um pouquinho, e ficou bem. Estava bem", disse. Já no show, quando a primeira música começou, as duas se abraçaram de felicidade. Na segunda música, enquanto elas pulavam bastante, Ana Clara caiu.
"Ela foi caindo em cima das pessoas. Aí eu não sei como eu tive força, botei ela por cima da minha perna e eles puxaram para o outro lado da grade. Eu pulei atrás dela e a gente correu para o postinho", disse a jovem, que escutou a médica falando que era "código azul", sinalizando que ela estaria sem pulso.
"Eles entraram com a maca, botaram ela na maca e colocaram na ambulância", relembrou.
Daniele acompanhou a amiga na emergência do hospital e foi chamada pelo médico, que a avisou que a situação era grave e que precisava do contato da família dela. "Ali eu entrei em desespero", disse. "Quando o médico falou com o pai da Ana, eu acho que a minha ficha caiu de que ela não ia mais voltar", completou.
Traslado
A família de Ana Clara Benevides revelou que além de lidar com o luto, está tendo que lidar com questões como o traslado do corpo sozinha. "O pessoal do show, que montou, não está dando suporte pra gente trazer ela pra casa. Sei que essas coisas nem passam pelos cantores, os artistas nem ficam sabendo disso. Mas a gente queria que eles dessem o suporte, para trazer ela pra casa. Porque, infelizmente, a gente está arcando com tudo. E a minha filha ainda não chegou", lamentou Adriana, a mãe.
Segundo a mãe de Ana Clara, a Time For Fun, organizadora do evento, ofereceu apenas assistência psicológica. O pai de Ana Clara quer saber qual foi a causa da morte da filha. Segundo ele, ainda não se sabe o que causou a parada cardiorrespiratória em Ana Clara. A Polícia Civil afirmou que o laudo ficará pronto em 30 dias.