Lázaro Ramos está de volta no papel de Roque em Ó Paí Ó 2Fabio Bouzas/Divulgação

Rio - Lázaro Ramos está de volta com o papel do icônico Roque em "Ó Paí Ó 2", que chegou aos cinemas no último dia 23, como a aguardada continuação do filme lançado em 2007. Dirigido por Viviane Ferreira, o longa retoma a história dos moradores do cortiço de Dona Joana (Luciana Souza), no Pelourinho, em Salvador, e apresenta novos personagens e tramas que prometem envolver o público. Mais de 15 anos após o lançamento do primeiro filme, o ator celebra o retorno ao set de filmagens com os colegas do Bando de Teatro Olodum, grupo baiano onde iniciou sua carreira artística, em 1993.
"É muito emocionante sempre! Principalmente porque, sempre que volto para o Bando, eu me vejo um menino de 15 anos que começou a fazer teatro com o Bando diante dos seus ídolos. E confesso que ainda hoje é assim", afirma Lázaro. "Eu lembro que, no primeiro dia do set do 'Ó Paí Ó', de noite, eu estava exausto, mas não de gravar. É porque eu estava querendo muito agradar a eles, então, eu fazia muita piada, ficava perto, tirava dúvidas, eu pedia pra ensaiar a cena. Porque o Bando é minha grande referência", conta o artista, que também protagonizou a série homônima, exibida pela TV Globo em 2008.
O ator se diverte ao comentar a principal mudança entre o primeiro e o segundo filme: "Eu estou muito mais velho e as cenas de dança, de música, eu já não consigo fazer com a mesma facilidade. Vou falar a verdade, a idade chegou para nós todos, mas, ao mesmo tempo, foi muito alegre (risos)", brinca.
"O que tem de mais lindo nesse segundo filme é que ele foi uma convocação do próprio público. O público não deixou esse filme morrer. Depois que a história já estava toda contada, de repente, o filme volta com memes, compartilhamento de cenas em rede social, volta em produtos. As pessoas lembram, e isso é muito bonito, como uma obra cinematográfica e de teatro, na verdade, tem esse poder de permanecer na vida das pessoas", enfatiza, relembrando que o sucesso de "Ó Paí Ó" começou nos teatros, antes da adaptação para as telonas.
Nova geração
Quem também participou do primeiro longa e estrela a sequência é Dira Paes, que reprisa o papel de Psilene e chama atenção para a conexão entre os atores da obra original e os artistas mais novos, em um verdadeiro encontro de gerações. Em "Ó Paí Ó 2", os adolescentes do Pelourinho usam as redes sociais para solucionar um conflito que surpreende os moradores do cortiço, evidenciando as transformações que o local enfrentou ao longo do tempo.
"Eu acho que foi o casamento perfeito, porque o Bando é uma internet por si só, prévia à tecnologia. É uma conexão de pessoas que se identificam através das coisas que concordam, ou através das coisas que discordam. Essa conexão é o começo de tudo, e eu vejo que 'Ó Paí Ó' mostra a dinâmica da vida, mas entre aqueles que sempre estão precisando uns dos outros", explica a atriz.
Depois do sucesso como a Filó no remake da novela "Pantanal", da Globo, Dira ainda destaca que a comédia musical protagonizada por Lázaro Ramos é um dos seus trabalhos mais famosos. "É um dos filmes que eu fiz que mais sou lembrada nas ruas há 15 anos. Isso é lindo, parece que não houve hiato entre o 1 e o 2. Eu senti isso, também, quando eu cheguei no set, quando a nova geração sabia quem eu era, sabia de Psilene, olhando como a gente planta a semente e colhe depois. Os jovens são a nossa colheita. O Bando já pode se orgulhar de ter feito várias colheitas, é um Bando que semeia. Eu posso dizer que me sinto uma paraense sortuda de estar no meio desses baianos", brinca a artista.
Música baiana em destaque
Além da reunião entre veteranos e novatos, "Ó Paí Ó 2" também se apresenta como uma homenagem à música baiana, no momento em que o protagonista Roque está prestes a lançar seu primeiro single com a esperança de alcançar o sucesso como cantor. Margareth Menezes, Russo Passapusso (vocalista do BaianaSystem), Pierre Onassis (ex-Olodum) e Guiguio Shewell (ex-Ilê Aiyê) estão entre os nomes que fazem participações especiais no filme, trazendo o reconhecimento merecido para artistas pretos de grande relevância para a cultura nacional.
"Tem uma cena que me toca profundamente que é justamente uma cena de homenagem a alguns desses compositores", revela Lázaro. "Tive a oportunidade de estar dando um abraço no Guiguio, é a nossa história, nosso orgulho. Foi uma cena que a Viviane (diretora), junto com o Bando, fez a seleção de quem estaria ali e não tinha muito texto, porque esse encontro real era o valor da cena. Não dava pra ensaiar muito. Então, quando eu cheguei no Guiguio, eu realmente me emocionei. A voz deu uma embargada porque, no momento de encontrar com ele, eu entendi mais ainda a importância de você fazer uma homenagem como essas", completa.
Terceiro filme?
Questionado sobre a possibilidade de interpretar Roque em uma terceira parte da história, o ator explica que não há um projeto em andamento, mas não descarta a ideia: "No momento certo, a gente vai trazer essa história aí e ver como o público vai receber. Vamos ver o que está, também, no coração dos criadores, do próprio Bando de Teatro Olodum, que são as pessoas que nos provocam a contar essa história", finaliza.