Regiane Alves interpreta Teresa na peça ’Nosso Irmão’Pino Gomes / Divulgação

Rio - Regiane Alves, de 46 anos, é uma das estrelas do espetáculo "Nosso Irmão", que aborda temas como relações familiares e o direito de escolha de pessoas com deficiência. Na peça, em cartaz no Sesc Copacabana, na Zona Sul, até o dia 13 de abril, Teresa, vivida pela atriz, Maria (Marina Elias) e Jacinto (Bruno Ferian), retornam à casa que viveram na infância, após a morte da mãe, e são confrontados por traumas do passado.
Em um verdadeiro jogo de interesses, as personagens buscam pelo testamento da matriarca e decidem com quem ficará a guarda do irmão, que possui uma deficiência intelectual. "Tem passagens na peça que ou aconteceu com a gente em algum momento ou alguém próximo já passou, por se tratar de conflitos familiares. Não tem como não haver identificação", acredita Regiane. 
Para compor Jacinto, por exemplo, Bruno se inspirou em sua vivência pessoal. "Eu perdi minha mãe quando tinha 15 anos e a peça se passa logo após o enterro da matriarca dessa família. Muitas emoções e sentimentos que eu vivi naquele dia, quis trazer para o meu personagem. Como seria voltar para casa ou mesmo acordar no dia seguinte e não ter mais ali presente a pessoa que sempre cuidou dele?".
A produção promove uma reflexão sobre o direito de escolhas de pessoas com algum tipo de deficiência. Regiane, então, comenta que tem um primo com surdez e destaca que ele vive muito bem. "Ele cresceu comigo, meu grande parceiro e meu amor também. E a grande preocupação é como seria a vida dele quando adulto. Hoje, tem uma vida própria e adora a companhia da família". 
O transtorno do espectro autista (TEA) também é abordado na produção. Nesta quarta-feira, dia 2 de abril, inclusive, é celebrado o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo. Marina acredita que "fomentar o diálogo sobre temas de extrema relevância como o TEA é um papel primordial da arte junto à sociedade".
"Como diz Plínio Marcos em seu belíssimo texto 'O Ator': 'os atores tem o dom de atingir as pessoas nos pontos onde não existem defesas, e por aí despertá-las, tirá-las da apatia'. 'Nosso Irmão' convida ao debate sobre o TEA, e esse é um valor inestimável da obra", diz a artista. 
Bruno torce para que as pessoas saiam reflexivas depois de assistirem à peça. "Eu espero muito que o público se emocione, se divirta, se identifique com essa família, com esses irmãos, e acima de tudo que reflitam sobre tolerância e respeito com pessoas dentro do espectro autista", pontua. "Ver o público rir e se emocionar foi e é algo grandioso que só esse bom texto consegue", completa Regiane. 
Serviço - 'Nosso Irmão'
De quinta a sábado, às 20h; Domingo, às 18h
Local: Arena do Sesc Copacabana
Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana
Ingressos: a partir de R$ 15