Rio - Após comandar o baile do Cordão do Boitatá na Praça XV neste domingo de Carnaval, o músico Kiko Horta veio desfilar na Mangueira. "É Carnaval. A gente descansa só na quarta-feira", afirmou.
O artista volta a desfilar na Mangueira após participar de Carnavais comandados pelo ex-carnavalesco da Verde e Rosa Leandro Vieira, quando o Carnaval de Rua foi homenageado.
A Mangueira volta a se apresentar na Avenida, na madrugada desta segunda-feira (20), com uma narrativa de protagonismo negro. Sob o título de "As Áfricas que a Bahia canta", a escola canta toda sua africanidade e religiosidade sob a batuta de uma dupla de carnavalescos: Annik Salmon, de 41 anos, e Guilherme Estevão, de 28.
Parece até que a Bahia dá certa sorte à verde e rosa. Da penúltima vez que foi campeã, a escola teve o estado nordestino como plano de fundo em sua homenagem à Maria Bethânia, uma das filhas mais ilustres daquela terra. O enfoque atual está presente nas construções das visões de África na Bahia a partir de sua musicalidade e instituições carnavalescas negras, destacando o protagonismo feminino nesse processo e as lutas contra intolerância, racismo e pelo fortalecimento da identidade afrobrasileira.
A construção da narrativa se estruturou no desenvolvimento de cinco formas históricas de cortejos negros do carnaval baiano, fundamentais no processo de reconstrução de África pelo imaginário festivo do povo negro da Bahia, sendo eles: os Cucumbis, os Clubes Uniformizados, os Afoxés, os Blocos Afro, e o Cortejo dos Trios, que busca ainda ressaltar como a história da música nacional está carregada de sonoridade e artistas baianos, de modo que as musicalidades contemporâneas, como o axé, o samba reggae e o pagode são uma expansão da reconstruções de África que ocorre através da música atualmente.
A introdução do samba enredo, inclusive, conta com a participação da cantora de axé baiana e atual ministra da Cultura do Brasil, Margareth Menezes.
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