Bloco Afoxé Filhos de Gandhi levou centenas de foliões à orla da Praia de CopacabanaRenan Areias / Agência O Dia

Rio - O bloco Afoxé Filhos de Gandhi tomou a Avenida Atlântica e arrastou centenas de foliões na orla da Praia de Copacabana, na manhã desta terça-feira (4), com o cortejo começando na altura do Copacabana Palace por volta das 10h40. Embalado pelo tema da Revolta dos Malês, o desfile do bloco de mais de 70 anos prega uma mensagem de resistência do povo negro.

"Nós estamos trazendo a mensagem 'Somos Malês'. A revolta de um povo que se originou na liberdade do povo africano no Brasil. Essa história é muito forte e condiz com a nossa realidade de hoje. Fazer essa referência, trazer ao carnaval e referenciar esse povo tão guerreiro é só orgulho", disse o presidente do bloco, Célio Oliveira, de 54 anos.
A Revolta dos Malês foi um levante de cerca de 600 africanos escravizados em Salvador, Bahia, realizado em janeiro de 1835. Ela se caracterizou como um dos grandes movimentos de resistência contra a opressão ao povo negro no Brasil.

À frente do grupo há quase cinco anos, o líder comenta que, nesta edição, além da mensagem de resistência, a ideia é transmitir harmonia e paz aos foliões. "Que todos saiam daqui felizes, transbordando alegria", declarou.
Em ritmo de festa
As amigas Thalita Dias, de 27, Camila Ostroschi, 28, e Julia de Moraes, 28, de Pirassununga, interior de São Paulo, chegaram nesta segunda-feira (3) ao Rio e aproveitam seu primeiro bloco. "Estamos curtindo muito já e nos preparando para a maratona dos próximos dias. Esse é o começo. Estamos ansiosas mesmo para o bloco da Anitta", disse Julia.

Para evitar gastar muito, as amigas levam as próprias bebidas para a folia. "Comprar no bloco é muito caro, então a gente opta sempre por trazer. Compramos a bebida no mercado e o gelo aqui perto da praia. Em alguns casos, a economia é de 15 reais em uma lata de cerveja", explicou Camila.
O casal Ingryd Nunes, 25, e Ítalo Alves, 23, já conheciam o Filhos de Gandhi de Salvador. Moradores da Vila da Penha, Zona Norte, eles compareceram à Copacabana para relembrarem a energia. "Queríamos matar a saudade de lá vindo aqui. Acho importante a visibilidade trazida tanto pelos blocos, quanto pelas escolas de samba sobre a questão das religiões de matrizes africanas para cá", afirmou Yngrid.

Já Maria Célia, de 72 anos, moradora de Irajá, reforça que a alta temperatura do Rio nos últimos dias a fez mudar os planos, mas agora, quer correr atrás do prejuízo. "Esse ano eu ia desfilar na São Clemente, mas acabei desistindo por conta do calor, mas agora estou arrependida. Por isso estou tentando ir nos blocos afros", confessou.

Nas fileiras do bloco há 15 anos, Nelson Moura, 66, destaca que qualquer pessoa será bem recebida no Filhos de Gandhi. "Normalmente o povo abraça o nosso desfile. Nós também abraçamos todas as religiões, gênero e gente. Quem quiser, é bem-vindo."