Por karilayn.areias
Aline Prado desabafa%3A ‘O racismo existe sim’Divulgação

Rio - No último sábado, a atriz Taís Araújo foi alvo de comentários racistas em sua página no Facebook. O preconceito racial é, infelizmente, um velho conhecido da repórter do ‘Vídeo-Show’ Aline Prado, de 33 anos. Ela lembra, por exemplo, de uma situação que viveu ao se mudar da Ilha do Governador para a Lagoa. “Certa vez, fui à igreja e, quando terminei de me confessar, o padre perguntou na casa de quem que eu trabalhava. Já aconteceu também de entrar em uma loja com o meu marido, que é branco, e as vendedoras só o atenderem. O racismo existe sim. A minha resposta para esse tipo de situação é alcançar os meus objetivos e mostrar que somos muito capazes”, diz ela, a segunda mulher negra a compor o quadro de repórteres do ‘Vídeo Show’ — a primeira foi Pathy Dejesus. “Lembro da primeira vez em que vi a Taís Araújo na capa da ‘Marie Claire’. Fiquei muito feliz. Ter mais negros na TV, na moda e em todas as áreas é muito importante”.

Para chegar ao posto atual, Aline suou a camisa. Sua rotina era pesada: a moça acordava bem antes do sol nascer, saía de casa, na época, no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, com rasteirinha nos pés e salto na mão e às 4h da manhã já estava no ônibus, pronta para mais um dia de trabalho. Na agenda, dois estágios e aulas na Facha (Faculdades Integradas Hélio Alonso) preenchiam o seu dia, que só terminava tarde da noite.

“Estudei em colégio público. Quando eu disse que queria fazer jornalismo, meus pais foram contra. Lembro que em um dos meus estágios, a minha chefe me atormentava. Quando eu dizia que queria trabalhar na ‘GloboNews’, ela falava que eu jamais conseguiria por não ter sobrenome. Uma outra falava que eu era pé-sujo, porque, de vez em quando, eu chegava no estágio com o pé sujo de poeira, por conta da rasteirinha que eu usava para ir de um estágio para o outro”, desabafa.

Mas não foi só o racismo que Aline venceu. Depois de trabalhar na ‘GloboNews’ durante anos, ela agora está conquistando o mercado do entretenimento. “Estou muito feliz com esse novo caminho. É possível levar leveza, diversão para o dia a dia do telespectador. Mas sou muito grata ao jornalismo factual. Durante a minha trajetória, fiz reportagens marcantes”, afirma a repórter.

Mãe do pequeno Arthur, de 1 ano, a jornalista lembra que, até saber que estava grávida, não tinha a menor vontade de ter um filho. “Descobri que seria mãe quatro dias antes de casar. Na hora, fiquei desesperada. A ficha só caiu, eu só me senti mãe mesmo quando escutei pela primeira vez o coração dele batendo. Hoje, eu já não imagino a minha vida sem o Arthur”, diz.

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