Rio - A terceira temporada do ‘SuperStar’, que começa amanhã, traz uma novidade: a cantora Daniela Mercury, que entra no lugar de Thiaguinho e promete ser rigorosa na seleção das bandas. Ao lado de Sandy e Paulo Ricardo, ela vai levar tempero apimentado ao programa, que vai ao ar em novo horário, às 13h.
Usarei os mesmos critérios que gostaria que utilizassem se eu fosse julgada”, diz Daniela. “Tem que observar se a banda tem carisma, se emociona, se encanta o público, se traz novidades na sua arte e boa poesia. Se há originalidade nos arranjos. Pois se for muito parecida com tudo que já existe, para mim, não é interessante. Prefiro artistas corajosos que têm uma proposta diferente, que trazem um novo DNA, uma identidade própria”, emenda a cantora. “E vou ver se os músicos são seguros e têm boa presença de palco”.
Apesar dos critérios, ela sabe que não escapará da arbitrariedade. “É para arbitrar que fui escolhida. Entendo que é muito difícil ser julgado, mas esta é a graça e a essência da competição.
E isto está bem claro para todo mundo”, comenta a baiana. Firme, ela não recua diante de julgamentos. “Com certeza, fui, sou e sempre serei julgada, querendo ou não. Isso não é agradável, mas é inevitável na vida de um artista”.
Daniela — que se casou há dois anos e meio com a jornalista Malu Verçosa — sabe que é visada por suas opiniões e atitudes, mas não foge à luta. “Falar da nossa vida tornou-se importante para a minha luta por direitos humanos. Falo normalmente o que acho relevante e me sinto bem. Afinal, adoro biografias. Mas guardo com carinho os segredos de liquidificador”, brinca Daniela, fazendo referência à música ‘Codinome Beija-Flor’, de Cazuza. “Ergo bandeiras porque é necessário falar, contestar, argumentar. Eu sou comprometida com a humanidade. Acho que estamos aqui neste planeta buscando maneiras de viver melhor e, para isso, é preciso dialogar, expor pontos de vista e mostrar que somos únicos. Que há muitas maneiras de viver e pensar e que são igualmente corretas. Não vejo outra maneira de mudar o mundo para melhor”, afirma a cantora.
A veia combativa de Daniela vem de cedo. “Sou militante social desde menina e tenho consciência das desigualdades alimentadas pela ignorância humana. Conheço o mundo em que vivo e sei que é necessário educar a população para conviver com as diferenças de religião, de sexualidade, de gênero, de origem, de raça e de cultura. Infelizmente, ainda existem pessoas que acham que uns estão certos e outros, errados, mas não há. Todas as pessoas são livres e iguais. Esse é o artigo primeiro da Declaração Universal dos Direitos Humanos”, ressalta.
Segundo Daniela, a arte pode ter papéis variados na crise política brasileira. “É uma maneira de sair da realidade. Se as letras forem leves e alegres, relaxam. Mas também pode ser contestadora. Eu acho que a arte deve expressar o que sentimos e o que somos. Estamos vivendo um momento muito revelador na vida brasileira, pois tanto nas manifestações de rua quanto nas redes sociais, as pessoas estão dizendo o que pensam, se expressando sobre quase tudo”, avalia. “Tenho tido surpresas positivas e percebido que temos uma importante lacuna ética pra revisar, pois ainda há racismo, preconceito contra os gays, machismo, intolerância religiosa e indiferença com a população mais pobre economicamente, mas vejo muito mais luz que escuridão”, observa a cantora.
Otimista, a artista diz que o momento pede calma. “Precisamos acalmar nossos ânimos. A sociedade já estava dividida, mas agora está na hora de juntar. Para seguirmos, precisamos uns dos outros. Mesmo com as nossas diferenças, a gente tem que tirar o melhor proveito disso tudo. Vamos fazer o que faz a população dos países civilizados: cuidar do nosso país e de nós mesmos como povo”.
Reportagem Eduardo Minc