Jane Di Castro - Reprodução
Jane Di CastroReprodução
Por O Dia
Rio - Admiradores e amigos de Jane di Castro, que morreu nesta sexta-feira (23), vítima de um câncer, prestaram homenagens nas redes sociais à artista. Jane, batizada de Luis Castro, foi parte da geração pioneira de artistas travestis e transformistas que revolucionou a cultura brasileira. O nome artístico foi sugerido por Bibi Ferreira, um dos ícones das artes cênicas que a dirigiu, como fizeram, mais tarde, Ney Latorraca e Miguel Falabella. Em 2001, abriu seu próprio salão em Copacabana, na Zona Sul do Rio. A atriz e cantora morreu em decorrência de um câncer no fígado.
O ator e diretor Miguel Falabella postou no Instagram, emocionado: "Querida Jane, voce vai fazer muita falta. Vou guardar comigo sua alegria, seu comprometimento e sua coragem de ser quem voce resolveu ser quando direitos civis eram inexistentes. Sua breve passagem por 'Pé na Cova' foi luminosa. Espero que Rogéria tenha ido espera-la nos portões da eternidade".
Publicidade

O ator Silvero Pereira, que contracenou com Jane em 'A Força do Querer', da Globo, também prestou uma homenagem. "Divina diva, obrigado por sua luta, história e arte", postou o ator, com uma foto com ela nos bastidores da novela.
Publicidade
O ex-deputado federal Jean Wyllys também se manifestou. "Agora você brilha no céu! Obrigado por tudo", escreveu no Twitter.
Com 54 anos de carreira, Jane participou em 'A Força do Querer', em 2017. Atualmente em reprise na grade da emissora, as cenas de Jane começaram a ir ao ar na última semana.
Publicidade
Nascida em Osvaldo Cruz, ela enfrentou desde nova o preconceito por ser travesti. Nos anos 1960, trabalhou como cabeleireira em Copacabana, até que 1966 estreou, no Teatro Dulcina, o primeiro espetáculo com homens vestidos de mulheres autorizado pela censura, em 1966, o "Les girls em Op Art". Contudo, durante a ditadura, Jane foi perseguida por realizar shows no Teatro Rival e na Praça Tiradentes.
Transsexual, Jane fez parte do musical 'Divinas Divas', que virou um documentário dirigido Leandra Leal. O projeto conta a história das primeiras artistas travestis do Rio de Janeiro e o teatro da família Leal, o Rival. Jane manteve união estável por mais de 50 anos com Otávio Bonfim, morto em 2018. O casamento foi oficializado em 2014, após 47 anos, em uma cerimônia coletiva.
Publicidade
Considerada uma figura importante na luta pelo respeito à diversidade, a atriz transexual tinha papel de destaque na Parada LGBTI de Copacabana, sendo responsável por cantar o Hino Nacional todos os anos a convite do Grupo Arco-Íris (GAI), organizador da manifestação. O coordenador do grupo, Cláudio Nascimento, lamentou que "morreu a grande diva da Cidadania e Cultura LGBT".

"Eu e Jane Di Castro tínhamos uma forte amizade, desde o fim dos anos 80. Sempre esteve comprometida com a nossas lutas por direitos. É a grande diva da Parada do Orgulho LGBT do Rio de Janeiro e integrante do Conselho Consultivo do Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI", afirmou. "Jane deixa um enorme legado artístico que nossa comunidade precisará valorizar e divulgar".

O GAI decretou luto de três dias e pretende realizar uma homenagem virtual à atriz na próxima terça-feira (28), às 19h, e também uma cerimônia interreligiosa comunitária de sétimo dia para que os amigos, fãs e admiradores possam celebrar sua memória.