Rainer Cadete e Renato LucianoRenato Magonlin / Divulgação
Além do talento e admiração pelo trabalho um do outro, Rainer e Renato compartilham o desejo de descoberta existencial. Assim, diante do período de isolamento social que nos foi imposto, entraram em contato com o mais íntimo dos pensamentos e criaram juntos o álbum, que surge desse encontro pandêmico e virtual.
“O álbum é dividido em duas partes, uma delas – assim como o nome propõe – é mais leve e divertida, e traz canções sobre amor e relações humanas. A parte mais reflexiva eu canto junto com o Renato e falamos sobre temas difíceis, como o machismo", adianta o ator brasiliense. Integrante da trupe teatral Barca dos Corações Partidos, o ator, cantor, compositor e instrumentista Renato Luciano acredita que a palavra “macho” e sua performance estabelecem um peso na sociedade.
“A cultura do ‘macho’ carrega certa violência desde a criação dos filhos. Os brinquedos dos meninos já são desenvolvidos para que eles aprendam a fazer guerra, lutar, bater. O homem não pode chorar, a relação social entre os homens é sempre mais seca e difícil, e isso traz consequências psicológicas. E ainda existe a questão da violência contra a mulher, que também é atravessada pelo estigma do macho. Achamos extremamente importante abordar este tema neste momento político, porque bandeiras misóginas, homofóbicas e racistas estão sendo levantadas. E a música tem grande poder de transformação”, reflete Renato.
Sob a direção de Duda Maia, o clipe cria uma atmosfera de introspecção dentro de um ringue de boxe, e é dentro dele que toda a narrativa se desenrola, fazendo do espaço uma ferramenta de diálogo com uma masculinidade agressiva, mas que não se deixa aprisionar lá. Com muita elegância e um toque de estética queer, o ringue é desconstruído e ressignificado.
A estética do vídeo subverte o tradicional, com o uso das cores rosa e azul de formas criativas, brincando com estampas e símbolos, trazendo releituras sobre o brega e o cafona de ser macho. A questão central que se coloca no projeto é a compreensão da existência de plurimasculinidades, e que elas não precisam ser tóxicas nem obrigatórias.
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