Alexandre GarciaReprodução/CNN
Após ser demitido da CNN, Alexandre Garcia diz que é preciso 'acreditar em nossos olhos'
Jornalista foi desligado da emissora após defender tratamento precoce e sem eficácia comprovada contra a Covid-19
São Paulo - Alexandre Garcia fez um vídeo a alunos dele justificando a saída da CNN Brasil. Demitido na sexta-feira (24) após defender um suposto tratamento precoce contra Covid-19, mas sem eficácia comprovada, o jornalista foi desmentido pela emissora ao vivo.
O ex-Globo e agora ex-CNN publicou um vídeo falando da saída e criticou professores, a quem acusa de "lavagem cerebral" sem apresentar provas. Alexandre segue produzindo conteúdos para o canal próprio no YouTube.
No vídeo, ele lê o comunicado da CNN e comenta: "Me perguntaram na sexta sobre a CPI da covid, vacinação e tratamento. Não podia decepcionar aqueles que foram meus alunos ao longo de todos os anos. Se eu digo uma coisa eu tenho que praticar e digo: não aluguem a sua cabeça, pensem, que seu cérebro não seja abduzido, não permitam que professores façam lavagem cerebral, que o medo dos colegas te encolha e não tenha pensamento próprio".
"Você pode até me contrariar, cada um tem seu pensamento. O que não pode ser normal é que a pessoa seja num rebanho, acéfalo", disse. O jornalista comandou até sexta o quadro 'Liberdade de Opinião', nome que lembra o direito do cidadão de expressar o livre pensamento, mas com base verdadeira.
Esta foi a segunda vez que Alexandre foi rebatido pelo próprio canal por desinformar sobre a pandemia. Em agosto, ele sugeriu que jovens não precisavam se vacinar contra a Covid-19. As vacinas reduzem possibilidades de quadro grave e chegar a óbito, de acordo com cientistas.
No domingo (26), Garcia disse que jornalistas devem confiar nos próprios olhos e sugeriu que a visão é uma fonte confiável. Ele não citou que o jornalismo deve apurar e entender dados para contextualizar os fatos.
"A gente quando pega um limão é um presente por que sai uma limonada. O presente é mais importante porque constrói o futuro, muito mais importante que o passado. E para os jornalistas, o importante são os fatos. Não posso contrariar aquilo que estou vendo, acompanhando, aquilo que vem da fonte primária. Isso que nós jornalistas devemos fazer. Acreditar em nossos olhos", disse.
Como exemplo, Alexandre citou as manifestações antidemocráticas do dia 7 de setembro na avenida Paulista. Para ele, a visão já serve para estipular o número de manifestantes. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo estimou 125 mil pessoas através de cálculos científicos.