Marcius Melhem grava vídeo para criticar encontro entre ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e atrizes que o acusam de assédio sexualReprodução Internet
Marcius Melhem fala sobre encontro de ministra com mulheres que o acusam de assédio
Ex-diretor de Humor da TV Globo afirma que ainda não é réu e 'estender um tapete vermelho a essas mulheres legitima uma acusação não comprovada'
Rio - Marcius Melhem, ex-diretor do núcleo de Humor da TV Globo, gravou um vídeo nos Stories, do Instagram, para criticar o convite que a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, fez às atrizes que o acusam de assédio sexual. O encontro está previsto para acontecer na próxima terça-feira. Melhem afirma no vídeo que a iniciativa o presume como culpado e ele ainda não é nem mesmo réu.
"Eu queria comentar rapidamente essa informação que as mulheres de um grupo de 11 pessoas que fazem acusações contra mim em uma entrevista do portal 'Metrópoles' estão indo a Brasília encontrar a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, para que seja apresentada a essas mulheres uma proposta de marco normativo contra assédio no ambiente de trabalho. É óbvio que a ministra recebe quem ela quiser, mas eu preciso alertar para alguns absurdos dessa situação. Primeiro: esse governo sofreu e lutou e alertou contra o pré-julgamento, o abandono da presunção de inocência, e a questão da paridade de armas. O devido processo legal é um rito. Eu não sou nem réu, não existe ação penal contra mim, ainda que ela venha a existir e eu me torne réu ainda não serei culpado, porque não existe trânsito em julgado, sentença, nada. Não existe nada. Existe uma investigação preliminar para averiguar se essas denúncias fazem sentido. E aí sim o Ministério Público vai decidir se eu sou réu"", iniciou, sem citar nomes, mas fazendo referência ao governo Lula e sua relação com a Operação Lava Jato.
Segundo Melhem, as atrizes pretendem desviar o foco de seu caso específico para a causa. Ele também afirma que elas têm interesse em que o processo não seja julgado logo. Segundo o ex-diretor, o processo estava pronto para conclusão em agosto do ano passado, mas mulheres que o acusam pediram que novas testemunhas fossem ouvidas, o que atrasou o julgamento.
"Estender um tapete vermelho a essas mulheres legitima uma acusação não comprovada. Isso é uma jogada midiática, uma jogada de pressão política que está querendo gastar toda a energia que poderia estar sendo dispensada para fazer o processo andar, paralisar aqui tudo e ir para a opinião pública para criar uma comoção, um cenário que pressione o Judiciário a arrumar uma desculpa para me acusar", disse. "É o único caso em que quem é acusado quer que julgue, e quem acusa, atrasa o processo. Por quê? Porque os autos mostravam que isso teria que ser arquivado", completou.
Maricius Melhem acredita que a criação de um marco para a discussão do assédio no ambiente de trabalho seja adequada, mas para ele a participação das mulheres envolvidas em seu caso não seria adequada. "O que eu estou tentando dizer é que há aí uma clara tentativa de se desviar o foco do caso para a causa. É uma pena que as pessoas não tenham acesso ao que está aqui, na Justiça do Rio de Janeiro. Mas, um dia, terão", disse.
O convite da ministra Cida Gonçalves acontece em um momento em que o caso voltou a ganhar destaque na mídia, após a entrevista das acusadoras de Melhem ao colunista Guilherme Amado, do "Metrópoles". Quatro mulheres e sete testemunhas reforçaram as acusações na entrevista e afirmaram que Melhem forçava beijos de língua nas cenas, encostava nas mulheres em cena com o pênis ereto, entre outras "brincadeiras".
Marcius Melhem era o diretor do Núcleo de Humor da TV Globo quando foi denunciado por Dani Calabresa ao compliance da emissora, em 2019. Um inquérito policial foi aberto em 2020 pela Delegacia da Mulher do Rio de Janeiro para apurar as denúncias. O ex-diretor também move um processo por danos morais contra Dani Calabresa.
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