No filme, Monique (Paloma Bernardi) descobre uma versão imprevisível de si mesma durante a TPMDivulgação/ Galeria Distribuidora

Rio - Depois de brilhar como Bateseba na novela "Reis", da Record TV, Paloma Bernardi vive a alegria de estrear como protagonista no cinema. Na pele da enfermeira Monique, a atriz está em cartaz com a comédia "TPM! Meu Amor", que retrata a montanha-russa emocional de uma mulher durante a tensão pré-menstrual.
No longa, que tem roteiro de Jacqueline Vargas e direção de Eliana Fonseca, a personagem de Paloma descobre uma versão imprevisível de si mesma e precisa lidar com os desafios da nova personalidade. 
"Eu sinto que toda mulher que for assistir ao filme, vai se identificar. Porque não são duas pessoas diferentes, não são duas pessoas totalmente distintas. São duas personalidades que existem em uma mulher só. Eu acho que o encontro dessas duas personalidades é o que nos faz ser uma versão melhor, ser uma mulher melhor para nós mesmas, em primeiro lugar, e para a sociedade, né? Dentro das relações que a gente vive, dentro do nosso trabalho. Então, acho que a criação dessa personagem foi mesmo um mergulho muito interno, um encontro comigo mesma para dar vida à Monique", analisa a atriz.
Feliz com o resultado, a artista fala sobre o desafio. "Eu sou muito grata pela minha trajetória artística porque sabe quando você vai dando 'check' em tudo que você sonhou um dia? Protagonizar um filme no cinema era uma coisa que eu queria muito. Eu me vejo transitando artisticamente no teatro, no cinema, em novela, nos streamings com série. Então, são 'checks' que eu vou dando e agradecendo muito porque são coisas que eu fui buscando, me preparando e eu sempre acho que as coisas acontecem também na hora certa, sabe?"
Aos 38 anos, a atriz coleciona diversos trabalhos na televisão. Na Globo, participou das novelas "Amor a Vida", "Insensato Coração" e "Salve Jorge". Já na Record TV, fez "Os Mutantes", "A Terra Prometida", "Apocalipse" e "Reis". A bagagem na telinha foi fundamental para o momento atual, avalia a atriz.
"Eu comecei a trabalhar muito cedo com publicidade, quando eu tinha 4 anos. Me formei em Artes Cênicas e em Rádio e TV. Às vezes, a gente não entende porque as coisas não acontecem lá atrás, e aí eu vejo que hoje, poxa, as bagagens que eu tenho, as experiências, até de vida mesmo e de estudo, me fazem alcançar voos como esse, ser protagonista de um filme brasileiro sobre mulher."
Machismo na sociedade
O filme, que conta com Maria Bopp, Tania Alves e Rafael Zulu, também traz uma forte reflexão sobre o machismo na sociedade. Na trama, Monique (Paloma) perde uma promoção em seu emprego e tem que enfrentar situações abusivas no ambiente de trabalho. 
"Acho que a gente está em um movimento de não se omitir, de não esconder mais. Chega. Não dá para você ficar calada. Eu acho que com respeito, com posicionamento, você pode se colocar no lugar onde você consegue sim ter de retorno, numa situação profissional, um lugar de respeito mesmo, de reconhecimento e valorização pela profissional que você é, independente se é homem ou mulher, o que importa é o seu trabalho", avalia Paloma, que já teve que enfrentar casos semelhantes na "vida real".
"Eu já passei por situações assim também que, às vezes, a gente nem percebe. Por pequenas situações do dia a dia que você fala: 'Caraca! Esse cara está abusando da minha boa vontade, está subestimando meu profissionalismo, meu talento. Acha que eu sou só um rostinho bonito'. Então, assim, como lidar de maneira educada [com essas situações]? Porque acho que o radicalismo não é legal." 
Paloma ressalta, ainda, outro aspecto importante discutido no filme. "Esse movimento de sororidade faz com que a gente se empodere juntas e não permita mais esse tipo de coisa na nossa sociedade. Esse machismo que ja está enraizado na gente, é estrutural. Mas que a gente agora tem a chance de tirar, e chega."
'Se quer chorar, chora'
Dias antes da estreia do longa, a artista conta que teve que lidar com sintomas parecidos com os da TPM. "A gente teve um mês de trabalho de divulgação até chegar o dia 31 de agosto, que foi nossa estreia. Parecia que eu estava de TPM esses dois meses atrás. Eu estou juntando TPM, muito emotiva. Eu estava chorando por qualquer coisa que reverberasse sobre o filme", relembra, aos risos.
Para quem tem mais dificuldades de conviver com os sintomas que antecedem ao período da menstruação, a atriz dá dicas. "Eu acho que é respeitar esse momento. É entender que a gente vai passar. Faz parte do nosso ciclo, faz parte do nosso sagrado feminino. É receber a TPM com bons olhos. Vai ser doloroso às vezes? Vai ser doloroso às vezes, então deixa doer. Se quer chorar, chora. Se quer extravasar, extravasa. Sai com as amigas. Bota para fora. Eu sou muito tagarela. Eu gosto de desabafar. Então se eu estou com alguma questão, algum problema, principalmente na TPM que fica tudo à flor da pele, eu gosto de falar, porque eu acabo me escutando. E aí nessa de me escutar, eu consigo me organizar e seguir em frente."
Mais espaço para o cinema brasileiro 
Além dos compromissos com a divulgação do filme, Paloma tem participado de um movimento da classe artística para fortalecer o cinema brasileiro. "A gente está em busca de uma aprovação do governo para que abram mais salas, para que a gente possa ter mais espaço. A gente vê filme internacional bombando em várias salas, em horário nobre, que todo mundo consegue assistir. E aí, o nosso filme, por exemplo, está [passando] 17h, 12h, em uma única sala", critica.
Atualmente, o setor debate a renovação da Cota de Telas, medida que regulamenta a exibição de filmes nacionais, obrigando as empresas exibidoras a incluir em sua programação, obras brasileiras de longa-metragem. Criado em 2001, o mecanismo busca promover a produção nacional.
"Eu levanto essa bandeira para que a gente possa encontrar esse caminho de mais valorização mesmo, do nosso cinema brasileiro. A gente é tão potente, tão rico artisticamente. Então, a gente merece mais espaço, o público merece mais espaço. Nós, artistas, que gostamos e vivemos disso, mas o público também merece para prestigiar. Educar o nosso público mesmo, para olhar para aquilo que é potente aqui dentro do nosso país", reforça Paloma.