Andy Gercker vibra com recepção do público ao personagem de ’Tô de Graça’: ’Me fascina’Divulgação / Jeferson Medrado
Foi muito bom voltar a gravar esse projeto, que adoramos fazer, mas foi muito importante essa pausa entre as temporadas, pudemos fazer o filme da série e ainda conseguimos realizar nossos projetos pessoais nesse intervalo. A sensação de retorno é como entrar na casa daquela tia barulhenta, onde todo mundo grita, ri alto e no fim do dia você sai com o coração quente e o maxilar doendo de tanto rir.
- O Maico está morando na casa da mãe, solteiro e tem frequentado o banheiro do shopping para se divertir. O que você espera para o futuro dele?
Maico é alma livre e defensor do poliamor. Quero ver ele cercado por um harém de homens lindos, ricos e completamente obcecados por ele — porque, no fundo, ele merece nada menos que isso.
- Maico é um personagem gay, morador de comunidade e muito divertido. Quais foram as inspirações para o papel?
Todas as minhas experiências de bicha pão com ovo que já tive na vida. As que vivi, as que convivi e as que observo sempre.
- O seu personagem é um dos mais queridos pelo público e a internet possibilitou mais essa aproximação. Como é essa troca?
É curioso ver como algumas cenas ganham vida própria na internet — às vezes, fora de contexto, ficam ainda mais engraçadas. Adoro observar essa troca com o público: eles riem, compartilham, comentam... e eu, acompanho tudo sorrindo. Às vezes, me mandam relatos lindos que me pegam de surpresa. É como se o personagem saísse de mim e encontrasse morada nas pessoas. Isso me fascina.
- A sitcom estreou em 2017 e desde então caiu nas graças do público. A que você atribui esse sucesso?
A gente se diverte de verdade — e isso, acho, escapa pela tela. Somos amigos de longa data, rimos juntos há muitos anos, dentro e fora do set. Quando gravamos, nosso objetivo secreto é fazer o outro rir antes da câmera cortar. E quando conseguimos, quando surpreendemos um ao outro com alguma bobagem inesperada, aí sim a mágica acontece. O público percebe. E embarca junto.
- "Tô de Graça" até virou filme. Como foi essa experiência nas telonas?
Foi uma loucura deliciosa. Gravamos rindo, chorando, exaustos e felizes — parecia uma grande festa de despedida, mas era só o começo de algo maior. Ver 'Tô de Graça' no cinema, com aquele público vibrando, foi emocionante. A energia saltava da tela.
- Você é amigo do Rodrigo Sant'Anna há 20 anos. Como é essa parceria fora e dentro das telinhas?
Nossa parceria é daquelas raras, de amigos-irmãos que se admiram de verdade. São 20 anos rindo, criando, acompanhando a vida um do outro e se provocando artisticamente. A gente se entende no olhar, dentro e fora de cena. Acho que é essa mistura de afeto, confiança e admiração mútua que mantém tudo tão forte. E, além de tudo, eu me divirto genuinamente vendo o Rodrigo em ação — é um prazer assistir alguém tão talentoso brilhar de perto.
Confesso que nem percebi que já se passaram 25 anos, talvez porque nunca parei de sentir amor pelo que faço. Estar no ar depois de tanto tempo é um privilégio — e uma travessura também. Ainda tenho muita coisa para fazer, e umas ideias que mal posso contar. Mas sigo aqui, firme, curioso e perigosamente inspirado.
- Você coleciona trabalhos em várias peças, programas de humor, como "A Diarista (2003) e "Zorra Total" (1999-2015), "Os Suburbanos (2015), "Plantão sem Fim" (2022), além da novela "O Outro Lado do Paraíso" (2017). Como avalia a sua trajetória?
Eu costumo dizer que minha carreira foi construída com seriedade... até quando estou fazendo bobagem. Transitei por muitos formatos, personagens e produções — e isso me ensinou a rir com profundidade e a emocionar sem esforço. Olhando para trás, vejo uma trajetória que me representa: diversa, inquieta e sempre com um pezinho fora da zona de conforto. E o melhor é que ainda não contei nem metade das histórias que quero contar.
- Em Curitiba, você participou de mais de 40 espetáculos de diferentes gêneros. Ao relembrar essas experiências, sente um carinho especial por alguma?
Sim, tenho um carinho enorme pelo meu primeiro solo, 'Coração de Gás Neon', com textos do Caio Fernando Abreu. Eu fazia tudo: chegava sozinho ao teatro, montava o cenário, recebia o público, operava som e luz em cena, atuava... e no fim desmontava tudo antes de ir pra casa. Repeti esse modelo em outros trabalhos depois, mas foi nesse que realmente entendi a importância de não esperar ser chamado, mas de criar o meu próprio caminho. Esse espetáculo me deu coragem. E essa coragem, mesmo quando cambaleia, nunca mais me deixou.
- Além da nova temporada de "Tô de Graça", você também estará no filme "Casos & Casais", com direção de Bruno Garcia, e na série "Verônika", que será lançada no Globoplay. O que o público pode esperar dos seus personagens nos novos projetos?
Em 'Casos & Casais', sou um gerente de hotel místico que cria um evento inusitado para premiar um casal com um fim de semana em Paris — uma mistura deliciosa de humor e esoterismo que me divertiu muito. Já em 'Verônika', interpreto um advogado mais contido e realista, que me tirou da zona de conforto e abriu espaço para um lado novo da minha atuação. Dois projetos diferentes, mas que carregam a mesma intensidade e humanidade. O público pode esperar personagens que surpreendem e histórias que emocionam. Estou ansioso para dividir tudo isso em breve.
- A sua carreira na atuação começou aos 18 anos, quando você saiu da sua cidade natal, em Joinville. Como decidiu que queria se tornar ator? Qual foi o maior desafio que você enfrentou?
Antes mesmo de saber que atuar era uma profissão, eu já tinha certeza de que seria ator. O maior desafio foi me firmar nessa carreira tão instável — enfrentei fome, frio, medo, mas nunca estive só. Grandes amigos estiveram ao meu lado, oferecendo apoio, amizade e força para seguir adiante. Essa combinação de persistência e companheirismo foi essencial para chegar onde estou hoje.




