MC Cabelinho declara apoio a Poze do Rodo após prisãoReprodução / Instagram
"Desde sempre, a cultura preta, favelada, periférica, é criminalizada. Desde sempre. E ultimamente isso vem se intensificando, tá ligado?", afirmou o artista. Ele também comparou a criminalização das letras de funk com as produções televisivas.
"Quando eu atuei na novela das 21h, que eu fiz um papel de traficante em 'Amor de Mãe' na Globo, era arte, né? Quando eu fiz um papel de bandido na novela 'Vai na Fé', era arte. Quando um roteirista escreve a vida de um traficante e relata o que acontece na favela, é arte. Agora, quando um MC, funkeiro, favelado, relata o que acontece na favela, que é a realidade dele, é apologia ao crime. Vocês percebem o quanto isso é subjetivo?", questionou.
O cantor também criticou a forma como MC Poze foi preso. Segundo ele, houve humilhação pública no momento da detenção. "O menor foi pra delegacia descalço, sem camisa, algemaram o menor, humilhando ele na frente da família, dos amigos", disse. "Essa luta não é só sua, essa luta é nossa. Estou contigo, conta com o meu apoio, com o apoio dos meus fãs", completou.
Acusações e operação policial
A prisão de Poze foi realizada por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) em sua residência, localizada em um condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. A Polícia Civil informou que o funkeiro foi detido por "apologia ao crime e por envolvimento com a facção criminosa Comando Vermelho (CV)".
O secretário de Estado de Polícia Civil, Felipe Curi, declarou que as músicas de Marlon Brandon Coelho Couto, nome de batismo de MC Poze do Rodo, são "instrumentos de propaganda para a facção Comando Vermelho". As investigações apontam que o cantor realiza apresentações musicais em áreas dominadas pelo CV, com a presença ostensiva de traficantes armados garantindo a segurança dos eventos.
O advogado do artista, Fernando Henrique Cardoso, afirmou que não foram encontradas armas na residência. Durante a operação, a polícia apreendeu uma BMW X6, avaliada em R$ 880 mil, além de joias, celulares e documentos. Um dos celulares tinha capinha com o símbolo de uma arma, e algumas joias apreendidas faziam alusão à facção criminosa e às comunidades ligadas ao grupo.
Ainda segundo a investigação, o repertório do cantor promove o tráfico de drogas, o uso ilegal de armas de fogo e incita conflitos entre facções. Após o depoimento na Cidade da Polícia, no Jacaré, Poze foi transferido para a Divisão de Capturas e Polícia Interestadual (DC-Polinter). Na saída, declarou: "Estou sendo perseguido". O caso segue em investigação. O funkeiro ainda não teve julgamento e permanece sob custódia.
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