Ivete Sangalo Marlon Bambrilia / Divulgação
Rio - Com mais de 30 anos de carreira, Ivete Sangalo revisita as raízes musicais no projeto "Ivete Clareou", inspirado em Clara Nunes, e fará cinco shows em capitais do país, entre outubro e dezembro, cantando samba. "A ideia é ser um espetáculo onde o público, música e artista se confundem", adianta a cantora.
A artista de 53 anos, lembra que a primeira música que aprendeu a cantar inteira foi "Conto de Areia", aos 3 anos. O feito lhe rendeu, na época, o apelido de "Veveta marexeira". "Na minha casa, a música era o grande barato. A televisão perdia fácil. Meu pai fazia questão de nos apresentar todos os seguimentos da música. O gosto dele era por samba, bossa, chorinho, minha mãe idem... E fui sendo influenciada pelo samba e por outros seguimentos dentro de casa. E meu pai me conta - e me lembro - que eu cantava 'Conto de Areia' todinha".
Sangalo ainda exalta a Guerreira, dona de canções como "O Canto das Três Raças", "O Mar Serenou", "Conto de Areia", "Portela na Avenida" e "Ê baiana", que morreu aos 40 anos, em 1983, no auge do sucesso. "Ouvia muitas cantoras desse segmento, mas tive uma conexão com ela. Me lembro de vê-la (Clara Nunes) na televisão. Uma mulher forte, bonita, dona de si, de uma voz maravilhosa, de muita autenticidade, força, em um tempo onde as mulheres eram muito mais pressionadas".
Com estreia marcada para o dia 25 de outubro, em São Paulo, a turnê passará por Belo Horizonte (01/11), Rio de Janeiro (22/11), Salvador (30/11) e Porto Alegre (13/12). As apresentações serão ao ar livre e os ingressos começam a ser vendidos no dia 8 de julho.
Ivete, entretanto, não descarta a possibilidade de fazer novos shows. "Ano que vem, a depender de como a gente entenda de como esse projeto é viável, de que a gente pode viajar mais, a gente vai sentar e entender de outra forma. Mas eu acho muito coerente uma turnê com cinco shows de um seguimento onde eu saio daquele lugar onde as pessoas me conhecem para algo novo", destaca.
Audiovisual
A cantora entrega que um registro audiovisual do projeto será feito no próximo mês. "Queria que as pessoas tivessem uma relação direta com o que vai ser visto no show... É uma coisa mais intimista, embora cheia de calor e tão forte como os grandes shows que a gente faz. E, dentro desse projeto, quero ver uma intersecção de agendas com pessoas que tenho um bem-querer grande. E o que não faltam são nomes maravilhosos para participar. A ideia de levar convidados nessa turnê também é bem-vinda, pretendemos fazer isso".
Enredo da Grande Rio e show na abertura do desfile das campeãs
E por falar em samba, Veveta tem uma relação com o carnaval carioca. Em 2017, ela foi enredo da Acadêmicos da Grande Rio. "Foi uma das coisas mais honrosas da minha vida ser homenageada em uma escola de samba, no meu país, em um tributo em vida. Participei de cada detalhe, eu sabia como se escrevia aquela história de samba em uma Avenida, na Sapucaí. Vivenciei isso com meu pai. Sabia o que eram as alas, o que era cada história, os historiadores por trás, as comunidades, entendia daquilo. Quando fui convidada, quis participar de tudo", lembra.
"Estava muito orgulhosa, participei da comissão de frente, do carro alegórico, queria viver tudo, porque estava ali vivendo algo que era muito genuíno, particular. Toda vez que lembro me emociono, tenho gratidão pela Grande Rio. No dia que (a escola) desfilou, foi uma comoção, não exclusivamente pela artista, mas pela minha história estar sendo contada ali, e eu poder participar fisicamente, espiritualmente e sentindo a presença dos meus pais", acrescenta.
Neste ano, Veveta se apresentou antes dos desfiles das campeãs na Marquês de Sapucaí. Iza, Leci Brandão e Zezé Motta foram outras artistas que estrelaram o momento. "É tanta coisa de samba... Fiz aquela participação maravilhosa falando sobre as mulheres do samba... Fui agraciada com essa oportunidade, foi sensacional. Eu estava em casa. Foi lindo, de verdade".
