Juliana Alves está no elenco de Três GraçasJordan Vilas/Divulgação?

Rio - "Três Graças", novela da TV Globo que substitui "Vale Tudo", estreia nesta segunda-feira (20) com um elenco de peso e com a responsabilidade de repetir, ou de superar o sucesso da sua antecessora. Juliana Alves, 43 anos, interpreta Alaíde, mulher de Rivaldo (Augusto Madeira) e mãe de Cristiano (Davi Luis Flores).
A personagem leva os pais Célio (Otávio Muller) e Chica (Rejane Faria) para morarem com a família no pequeno apartamento onde vivem em São Paulo e faz o marido de empregado deles. Ela e os parentes observam tudo o que se passa na mansão da vilã Arminda (Grazi Massafera). Na entrevista abaixo, a atriz conta como surgiu o convite para a novela e descreve sua personagem como uma mulher folgada, "que sabe que é muito bonita". 
Com 25 anos de carreira, Juliana estreou na TV em 2000, como bailarina do "Domingão do Faustão".  Participou do "BBB 3" e a primeira novela dela foi "Chocolate com Pimenta" (2003). De lá para cá não parou mais e se destacou e muitos papéis. 
1. Como foi receber o convite para participar de 'Três Graças' logo após o término do trabalho em 'Volta por Cima'?

O convite para participar de 'Três Graças' logo depois do fim de 'Volta por Cima' foi uma surpresa muito boa, porque na nossa profissão nós sabemos que há muitos atores bons, e muitas oportunidades são preenchidas por outros colegas. Eu fiquei muito grata pelo Luiz [Henrique Rios], nosso diretor, ter estado atento ao meu trabalho em 'Volta por Cima' e ter confiado a mim a Alaíde.
O convite foi feito de uma maneira muito bacana, porque ele explicou que esse é um núcleo cômico, importante no sentido de trazer mais irreverência para uma novela que tem uma história dramática, e que ele precisava de um núcleo de atores nos quais ele confiasse. Apesar de eu nunca ter trabalhado com ele, fiquei muito grata, muito feliz por esse reconhecimento do meu trabalho e fiquei bastante animada, principalmente pela oportunidade de trabalhar com Augusto Madeira, cujo trabalho eu acompanho há muito tempo, com Otávio Muller, que eu admiro muito, que sou fã, e a Rejane Faria, que adoro, com quem fiz um trabalho há dois anos, mas foi um período curto de gravação. Estou muito feliz de reencontrá-la, é uma grande atriz, premiadíssima, maravilhosa, e conhecer meu 'filho', o Davi Luis Flores, que é uma graça. Todo mundo nos bastidores fala que ele parece meu filho mesmo de verdade. A gente está se divertindo com isso.
2. Conte um pouco sobre a experiência de trabalhar em uma obra com texto de Aguinaldo Silva e a direção do Luiz Henrique Rios.

O Luiz é um diretor que eu acompanho há muito tempo. Já tinha uma admiração pela direção dele e havia comentado nos bastidores que eu gostaria de fazer uma novela dirigida por ele. O convite veio como uma realização.
Aguinaldo Silva é o autor que escreveu a personagem que me rendeu um grande reconhecimento como atriz, a Gislaine de 'Duas Caras'. Era uma personagem que começou bem pequenininha na novela, com cenas pontuais, sempre ali nas pinceladas, trazendo um pouco de humor e um pouco de irreverência.
Acredito que consegui construir ela com bastante humanidade, e a personagem foi crescendo, foi crescendo, e o Aguinaldo foi escrevendo mais para ela. A personagem me rendeu um prêmio de atriz revelação, porque eu ainda estava no início da minha carreira, e é muito bom poder voltar a fazer uma novela das nove justamente com ele e Luiz Henrique.

3. Como descreveria a Alaíde, sua personagem na novela? Quais são as principais características dela?

A Alaíde é uma folgada, uma mulher que sabe que é muito bonita. Ela é vaidosa e vive a ilusão de querer ter uma vida de rica sendo pobre. Se você se dá ao luxo de não trabalhar no Brasil de hoje em dia, é muita folga. Ela sabe o que está fazendo, porque ela tem quem faça por ela. A ambição do momento dela é não precisar fazer as tarefas de casa, usufruir dos ganhos do marido e ter uma vida confortável. É uma figura cômica e interessantíssima, mas que por outro lado não é tão agente assim da situação, uma vez que os pais foram morar na casa dela e já estão de olho nesse conforto.
A mãe, de certa forma, controla muito ela. Ela é a grande cabeça da 'gangue de exploração' do pobre do Rivaldo. Mas o Rivaldo tem um certo contentamento, porque ele está sempre sendo
agradado e manipulado pela mulher para manter essa relação do jeito que está.

4. De que forma a Alaíde se relaciona com o marido, o pai, a mãe e o filho? E como enxerga essa família?
Eu enxergo entre Alaíde e Rivaldo uma relação de muita troca, de amor, bastante quente, na qual se estabeleceu que ele é a pessoa que trabalha e realiza todas as funções porque ela diz que ele faz muito melhor, e ele se sente bem quando ela faz esses agrados, que inflam também o ego dele. Ela tem uma relação de cumplicidade com o pai e a mãe, que vão morar na casa deles sem autorização prévia do marido, dando um verdadeiro golpe nesse sentido, mas ela também, de certa forma, vai ser explorada pelos pais.
Então, é uma relação que vai se estabelecendo, e a gente vai percebendo que a Alaíde explora, mas também de certa forma é explorada. Eu estou muito curiosa para entender mais nuances dessa família, mas eles têm uma harmonia possível, uma divisão de tarefas, assim, da Alaíde amaciar o Rivaldo, a mãe pensar estratégias, e o pai ir lá e traçar novos rumos para eles poderem se dar bem.

5. O Aguinaldo descreve 'Três Graças' como uma novela popular, que retrata o corre do brasileiro que pega três ônibus para trabalhar, que acorda cedo para ir atrás dos seus objetivos. De que forma seu personagem se conecta a essa narrativa?

A Alaíde mostra exatamente essa contradição, né? Em um país no qual as pessoas têm que batalhar muito para ter o básico, ela se permite só usufruir do trabalho que não é dela. A gente está tirando humor de uma situação que poderia ser absurda, mas infelizmente é real. Uma personagem que mostra como uma pessoa se permite, com todas as dificuldades que se enfrentam neste país, viver uma vida, ou uma tentativa de mordomia. Com certeza eles têm uma vida muito simples, sem faltar nada básico, mas que poderia ser muito melhor se ela trabalhasse.
A família de uma maneira geral, o pai e a mãe, mostram isso. Agora, eu gosto de sempre trazer uma outra camada para cada personagem que eu interpreto, e aí fico questionando e converso muito com meus amigos nos bastidores: Como a Alaíde consegue ser assim? O que levou ela a ser assim? Quem assistir à novela vai conseguir perceber algumas nuances em relação a isso.

7. O que o público pode esperar de Três Graças na sua visão?
O público pode esperar de 'Três Graças' um novelão muito bem escrito, cheio de personagens maravilhosos. O Aguinaldo escreve personagens como ninguém, figuras interessantíssimas em uma trama muito boa, de drama e mistério. Da parte do nosso núcleo, podemos garantir que vai ter muito humor. A situação já é cômica, e eu estou cercada de um elenco incrível, maravilhoso. Tem sido uma grande alegria para mim estar nessa novela com esse núcleo.