Fábio Porchat apresenta o Desafio Por Um Dia Laura Campanella/ Divulgação

Rio - 'Era da turma do fundão', brinca o ator Fábio Porchat ao relembrar seus tempos de estudante. É que toda essa vivência do ambiente escolar veio à tona durante as gravações da série 'Desafio Por Um Dia', exibida pelo Canal Futura, às segundas-feiras, a partir das 18h. Na atração, o apresentador visita quatro colégios públicos, localizados em áreas de vulnerabilidade social, para decidir com os alunos quais das dificuldades daquela instituição podem ser resolvidas em um dia. A partir daí, todos se juntam numa força tarefa para mudar aquela realidade. 
"Fiquei muito feliz de ver como a juventude de hoje está com sangue nos olhos. Como eles têm perspectivas para o futuro, como eles sabem que têm o mundo pela frente. Eles são muito mais abertos do que a minha geração foi. Eles olham muito mais para o todo. Eles sabem que, apesar das dificuldades que eles enfrentam na escola pública brasileira, pode ser que o que desejam dê certo. Eles têm a sensação que juntos conseguem construir as coisas, e têm razão. Isso é muito bonito", comenta o humorista.
Fábio ainda ressalta que o legado deixado nesses colégios fará a diferença na vida dos estudantes. "O legado é o mais bacana de tudo. Eles poderem ter a facilidade do contato com a arte, com aquilo que eles estão desejando ali. Seja com a horta, que eles estão criando para melhorar a alimentação deles, seja com música. Ter isso permanentemente faz toda a diferença. Eles sentem também que não é ir ali pintar um muro e ir embora. É fazer alguma coisa que partiu deles, que eles quiseram, construíram e que vai ficar pra naquele lugar pra sempre". 
Ao ver a força de vontade dos estudantes e conferir de perto tantos planos e sonhos, o apresentador confessa que não tem como não sair transformado das escolas. "A gente sai transformado, mexido, com vontade de fazer mais e com a sensação de que todo mundo só precisa de um empurrãozinho, de uma ajuda, sabe? O povo brasileiro tem muita gana, muita sede, muita vontade. Lhe falta oportunidade, meio de conseguir aquilo, dinheiro... mas ideia, vontade e capacidade tem muita. Então, é muito bom ser essa ponte e dar esse empurrãozinho", admite.
E por falar em 'empurrãozinho', Fábio recebeu uma ajudinha e tanto de alguns famosos, que participaram da série. No primeiro episódio, filmado no CIEP 413 Adão Pereira Nunes (São Gonçalo), a cantora Lexa ajudou na reforma e criação de uma sala de dança para os alunos e aproveitou para fazer uma coreografia inédita com os voluntários.
Já no episódio que vai ao ar, nesta quarta-feira, Mumuzinho é quem vai dar uma forcinha aos alunos do CIEP 201 Aarão Steinbruch, em Duque de Caxias, na criação do núcleo 'Africanidades'. Além deles, Noemia Oliveira, João Diamante e Marcelo Ment também participam da atração. 

'Não era nota 10'
Como já adiantado, o apresentador não era do tipo nota 10. Gostava de falar bastante e ser da turma da bagunça. "Eu gostava da escola, do ambiente escolar. Tinha muitos amigos, apesar de ser bagunceiro. Era muito falante, da turma do fundão. Não era exatamente o aluno incrível. Nunca fiquei de recuperação, repeti, mas também não era nota 10. Claro que sou uma pessoa privilegiada, estudei em escola particular, sou de classe alta. Lógico que isso faz toda a diferença. Mas eu ia à escola de ônibus, voltava. Tenho boas lembranças da escola, mas lembranças que estão ótimas onde estão. Não queria voltar pra escola, não. Adoraria voltar a estudar, fazer cursos, como faço e tento fazer. Acho que o ambiente acadêmico faz muito bem pra gente", opina. 
Polêmica em filme 
Fábio Porchat teve seu nome envolvido em uma polêmica nesta segunda-feira. Cinco anos após o lançamento do filme "Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola" (2017), o ator foi acusado de pedofilia por interpretar o personagem Cristiano, que tenta abusar de dois adolescentes, mas não consegue. O longa, baseado no livro homônimo escrito por Danilo Gentili, se tornou alvo de críticas de políticos aliados ao bolsonarismo ao ser disponibilizado na Netflix.
Em nota enviada 'ao Dia', Porchat se manifestou sobre o caso. "Geralmente, o filme tem o mocinho e o vilão. O vilão é um personagem mau. Que faz coisas horríveis. O vilão pode ser um nazista, um racista, um pedófilo, um agressor, pode matar e torturar pessoas... Essas pessoas na vida real não são assim", começou ele. "Temas super pesados são retratados o tempo todo no áudio visual. E as vezes ganham prêmios! Jackie Earle Haley concorreu ao Oscar em 2007 interpretando um pedófilo no excelente filme “Pecados Íntimos”. Só que quando o vilão faz coisas horríveis no filme, isso não é apologia ou incentivo àquilo que ele pratica, isso é o mundo perverso daquele personagem sendo revelado", completou.
Por fim, o ator destacou: "Às vezes é duro de assistir, verdade. Quanto mais bárbaro o ato, mais repugnante. Agora, imagina se por conta disso não pudéssemos mais mostrar nas telas cenas fortes como tráfico de drogas e assassinatos? Não teríamos o excepcional "Cidade de Deus"? Ou tráfico de crianças em "Central do Brasil"? Ou a hipocrisia humana em "O Auto da Compadecida". Mas ainda bem que é ficção, né? Tudo mentirinha".
O Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou, nesta terça-feira, a suspensão da disponibilização, exibição e oferta do longa. Caso as plataformas não cumpram a determinação em cinco dias, será aplicada multa diária no valor de R$ 50 mil.